"O terminal da Trafaria está a funcionar com muitas limitações. Não há qualquer descarga de navio", adianta Célia Lopes, dirigente do Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços de Portugal (CESP), afeto à CGTP, em declarações à agência Lusa.
Por sua vez, a carga dos camiões está a ser feita a "25% dos dias normais", recorrendo "essencialmente" aos "trabalhadores de empresas prestadoras de serviços que foram contratados para o silo da Trafaria para fazer trabalhos de limpeza e não trabalhos de operação", denuncia.
O CESP acusa a empresa de atacar o direito à greve ao recorrer a prestadores de serviços para fazerem a carga de camiões, bem como de ter contactado dois trabalhadores da sala de comando da Trafaria, que na quinta-feira fizeram greve, para que fossem trabalhar.
"Foram pressionados individualmente e hoje apresentaram-se ao serviço", alega a dirigente sindical.
O sindicato denunciou esta situação à ACT, que esteve hoje na Tarifaria, "tendo identificado que os trabalhadores que estavam a fazer a carga dos camiões são os trabalhadores prestadores de serviços", explica Célia Lopes.
A agência Lusa tentou contactar a Silopor pedindo dados do impacto da greve e confrontando a empresa com estas acusações, mas ainda não obteve resposta.
Já no que respeita ao terminal do Beato, e à semelhança de quinta-feira, "está totalmente encerrado", refere a sindicalista.
Quanto ao silo em Vale de Figueira, em Santarém, o CESP diz não ter informação, dado que é um local onde não há trabalhadores sindicalizados, acrescenta, reforçando, ainda assim, que o impacto é diminuto dado que este terminal "não faz abastecimento à indústria".
Os trabalhadores da Silopor cumprem hoje o segundo e último dia de greve, "pela manutenção da empresa no setor empresarial do Estado, com gestão pública e pela recuperação do tempo de serviço congelado no período da 'troika'", segundo a nota emitida pelo CESP.
O CESP defende que, "estando saldada toda a dívida herdada da EPAC (que colocou a Silopor em liquidação em 2000), deve ser revogado o decreto-lei que coloca a Silopor em liquidação --- e a Silopor deve ser mantida na esfera do setor empresarial do Estado, com garantia de que a gestão continua a ser pública, prolongando o contrato de concessão para o limite dos 75 anos (como, aliás, já ocorreu com outras empresas que operam nos portos do país)".
Além da manutenção como empresa do setor empresarial do Estado, os trabalhadores da Silopor exigem a "contagem integral do tempo de serviço com reposição na carreira dos trabalhadores do tempo congelado no período da 'troika'" e o "aumento dos salários de todos os trabalhadores em 15%, no mínimo 150 euros".
À Lusa, a dirigente do CESP indica ainda que "um dos membros da comissão liquidatária esteve ontem [quinta-feira] na Trafaria" e que nessa altura os trabalhadores explicaram as suas "condições" para desconvocar a greve, nomeadamente a garantia de que "será aplicado o acordo da empresa que está em vigor" qualquer que seja o futuro da empresa.
A greve termina hoje, mas em 02 de janeiro os trabalhadores da Silopor voltam a reunir em plenário para decidir novas formas de luta, indica ainda Célia Lopes.
A Lusa questionou também o Governo sobre os impactos da greve e a situação da Silopor, mas ainda não obteve resposta.
Em liquidação desde 2001 por decisão da Comissão Europeia, mas a dar lucro desde 2016, a Silopor pertence ao setor empresarial do Estado e é gerida por uma comissão liquidatária cujo mandato foi prolongado até junho de 2025, a mesma altura em que acaba o contrato de concessão do Porto de Lisboa à empresa.
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