O grupo Abanca apresentou hoje em Santiago de Compostela (Galiza, em Espanha) lucros recorde de 1.203 milhões de euros. Desses, 350 milhões de euros vieram da operação do Eurobic, o banco português cuja aquisição foi concluída em 2024.
Após a apresentação de resultados, questionada sobre uma eventual redução de trabalhadores em Portugal, o Abanca disse que não está previsto um processo nesse sentido.
"Não está planeado", afirmou fonte oficial à Lusa.
Sobre quantos trabalhadores tinha o grupo em Portugal no final de 2024, até ao momento não foi possível obter resposta.
Segundo dados da Associação Portuguesa de Bancos (APB), em junho de 2024, o EuroBic tinha 1.430 trabalhadores e o Abanca tinha 401 funcionários.
Na conferência de imprensa de hoje, o presidente do Abanca, Juan Carlos Escotet, disse que a integração da operação em Portugal segue a "bom ritmo" e que é "uma fusão muito complementar", que dá ao grupo uma "maior presença num mercado estratégico", Portugal, reforçando o perfil ibérico do banco.
Por seu lado, o presidente executivo, Francisco Botas, afirmou que foi "bem-sucedida a tomada de controlo do EuroBic" e que, após a aquisição em Portugal, houve já mudanças na estrutura de governo interno, foram melhoradas as práticas do banco e foram postas em marcha novas políticas comerciais. Disse ainda que uma das vantagens da operação em Portugal após a compra do EuroBic é a rede de agências grande que o Abanca passou a ter.
Quanto a aquisições futuras, os responsáveis do Abanca afastaram hoje novas compras este ano.
O EuroBic era detido pela empresária angolana Isabel dos Santos (filha do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos), mas em 2020, na sequência da investigação jornalística 'Luanda Leaks', foi anunciado que Isabel dos Santos iria abandonar a estrutura acionista do EuroBic para "salvaguardar a confiança na instituição".
O tema da propriedade do EuroBic passou então a preocupar as autoridades bancárias e desde então o Abanca andou em negociações para comprar o banco de origem angolana, mas o acordo só aconteceu em 2023, tendo a compra sido concretizada em julho passado. Hoje, novamente questionado, o grupo não indicou o valor do negócio justificando confidencialidade.
Na sequência desta aquisição, o Abanca decidiu fechar a sucursal em Portugal e passar a integrar todo o negócio da sucursal portuguesa (todos os ativos e passivos) no agora designado EuroBic Abanca. Assim, o grupo irá deixar de operar através de uma subsidiária e passará a operar em Portugal através de um banco autónomo.
Para já, enquanto decorre essa integração, o banco designa-se EuroBic Abanca mas esta é uma marca transitória. Quando a integração estiver completa (o que deverá ocorrer até final deste ano) passará a designar-se apenas Abanca.
Antes de comprar o EuroBic, em 2018, o Abanca tinha comprado em Portugal a unidade de retalho do Deutsche Bank Portugal. Em Espanha, o grupo Abanca também tem vindo a reforçar-se, tendo comprado o Targobank e a operação do Novo Banco em Espanha.
Segundo as informações hoje divulgadas, após a compra do EuroBic, o Abanca gere em Portugal um negócio que ascende a 20 mil milhões de euros. No total, com a operação em Portugal, o volume de negócios do grupo foi de mais de 128.000 milhões de euros (mais 13,6% do que em 2023).
Hoje, na conferência de imprensa, Juan Carlos Escotet disse que mesmo com a redução gradual das taxas de juro o grupo bancário espera ter "níveis de rentabilidade competitivos em 2025".
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