O presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu, no fim de semana, 'bombardear' o comércio internacional com uma decisão que vai ter impacto nos mercados e até já mereceu a resposta de vários países: a imposição de tarifas aduaneiras. Afinal, o que está em causa?
O Notícias ao Minuto reuniu, neste artigo, cinco perguntas e respostas que visam explicar o impacto desta decisão e o que se pode esperar nos próximos dias.
1. Que tarifas foram anunciadas?
Trump anunciou que iria aplicar tarifas de 25% sobre o México e o Canadá (excluindo o petróleo canadiano, sujeito a uma tarifa de 10%) e de 10% sobre a China, o que "causou danos nos mercados financeiros", destacam os analistas da Ebury numa nota de análise.
“We need to protect Americans, and it is my duty as President to ensure the safety of all. I made a promise on my Campaign to stop the flood of illegal aliens and drugs from pouring across our Borders, and Americans overwhelmingly voted in favor of it.” –President Trump pic.twitter.com/rJ9opLBJzr
— The White House (@WhiteHouse) February 1, 2025
2. Esta decisão também se vai aplicar à Europa? Já há respostas?
O presidente dos EUA afirmou que os produtos europeus vão ser sujeitos a taxas aduaneiras "muito em breve", na sequência da imposição de tarifas à importação de produtos do Canadá, México e China - sendo que estes três países já prometeram tomar medidas.
Aliás, vale sublinhar que, entretanto, o presidente dos EUA disse que concordou em "suspender imediatamente" as tarifas impostas ao México durante um mês, após uma conversa "muito amigável" com a chefe de Estado do país, Claudia Sheinbaum. O mesmo se verificou em relação ao Canadá, depois de obter compromissos de última hora sobre questões fronteiriças com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau.
Por sua vez, a China anunciou a abertura de uma investigação à Google e impôs novas tarifas sobre uma série de produtos norte-americanos, em resposta à medida da Casa Branca.
3. Qual é a justificação de Trump para aplicar esta medida?
Trump justifica esta medida com o défice comercial dos EUA: "Estão realmente a aproveitar-se de nós, temos um défice de 300 mil milhões de dólares [293 mil milhões de euros]. Não levam os nossos automóveis nem os nossos produtos agrícolas, praticamente nada, e todos nós compramos, milhões de automóveis, níveis enormes de produtos agrícolas", disse no domingo à imprensa.
Trump admitiu que as novas tarifas podem causar sofrimento ao povo norte-americano, mas garantiu que "tudo valerá a pena" porque vai "tornar a América grande de novo".
"Haverá sofrimento? Sim, talvez (e talvez não). Mas vamos tornar a América grande de novo, e tudo valerá a pena", escreveu Donald Trump, em letras maiúsculas, no perfil da rede social que fundou, a Truth Social, citado pela agência de notícias France-Presse.
4. Qual o impacto que esta decisão pode ter nos mercados globais?
As tarifas anunciadas por Donald Trump provocaram quedas nos mercados financeiros e podem enfraquecer o crescimento global, enquanto o dólar americano beneficia das pressões sobre a inflação, segundo salientam analistas.
"Talvez não tenha sido a dimensão das taxas aduaneiras que apanhou os mercados de surpresa, mas sim a rapidez com que serão impostas e a rapidez da resposta retaliatória por parte do Canadá e do México", indicam os analistas, alertando que se trata de "uma guerra comercial total e que, preocupantemente, pode estar apenas a começar, com o Presidente Trump a insinuar que a UE será a próxima a sentir a ira das suas políticas tarifárias".
Existe o receio de que estas tarifas "possam enfraquecer significativamente o crescimento global em 2025", explicam os analistas, o que "cria um ambiente extremamente desagradável para os ativos de risco". Por outro lado, cria-se também um ambiente favorável para o dólar, "especialmente tendo em conta a ameaça crescente de taxas mais elevadas da Reserva Federal durante mais tempo".
Por outro lado, analistas citados pela Efe acreditam que as tarifas impostas pelos Estados Unidos à China, México e Canadá serão temporárias porque, defendem, Donald Trump está a usá-las como uma ferramenta para obter acordos mais favoráveis aos interesses dos EUA.
Henrique Tomé, analista da XTB, explicou ao Notícias ao Minuto que "as incertezas à volta das tarifas têm aumentado cada vez mais, os mercados começaram a sessão de segunda-feira com fortes quedas nos ativos de risco, enquanto o dólar americano valorizou fortemente em relação às principais moedas".
"Os mercados ontem ainda recuperaram a meio da sessão, mas hoje estão novamente a recuar (apesar da escala dos movimentos ser menor)", adiantou ainda.
5. O que vai fazer a UE?
A União Europeia lamentou o aumento das taxas aduaneiras pelos EUA sobre produtos do Canadá, do México e da China, e disse que vai retaliar fortemente se for alvo de tarifas injustas.
"A UE acredita firmemente que direitos aduaneiros baixos promovem o crescimento e a estabilidade económica", disse a Comissão Europeia em comunicado, através do qual considerou a imposição de mais tarifas pelos EUA como "nocivas para todas as partes".
Já, se o bloco europeu for também alvo dessas medidas, o executivo comunitário vai "retaliar fortemente".
Já o governador do Banco de França considerou "preocupante" a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas aduaneiras ao Canadá, México e China e defendeu que a União Europeia não pode excluir uma resposta nem agir de forma "ingénua ou indefesa".
[Notícia atualizada às 10h53]
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