Guerra comercial? Cinco respostas sobre tarifas 'disparadas' por Trump

Que tarifas foram anunciadas? Esta decisão também se vai aplicar à Europa? Qual é a justificação de Trump? Qual o impacto que esta decisão pode ter nos mercados globais? Esclareça todas as dúvidas neste explicador.

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Beatriz Vasconcelos com Lusa
04/02/2025 10:43 ‧ há 2 horas por Beatriz Vasconcelos com Lusa

Economia

Explicador

O presidente dos EUA, Donald Trump, decidiu, no fim de semana, 'bombardear' o comércio internacional com uma decisão que vai ter impacto nos mercados e até já mereceu a resposta de vários países: a imposição de tarifas aduaneiras. Afinal, o que está em causa? 

 

O Notícias ao Minuto reuniu, neste artigo, cinco perguntas e respostas que visam explicar o impacto desta decisão e o que se pode esperar nos próximos dias. 

1. Que tarifas foram anunciadas? 

Trump anunciou que iria aplicar tarifas de 25% sobre o México e o Canadá (excluindo o petróleo canadiano, sujeito a uma tarifa de 10%) e de 10% sobre a China, o que "causou danos nos mercados financeiros", destacam os analistas da Ebury numa nota de análise.

2. Esta decisão também se vai aplicar à Europa? Já há respostas? 

O presidente dos EUA afirmou que os produtos europeus vão ser sujeitos a taxas aduaneiras "muito em breve", na sequência da imposição de tarifas à importação de produtos do Canadá, México e China - sendo que estes três países já prometeram tomar medidas.

Taxas,

Taxas, "instrumento de choque"? Canadá e México em suspenso, UE na mira

Trump tinha vindo a ameaçar a imposição de tarifas para garantir uma maior cooperação dos países para impedir a imigração ilegal e o contrabando de produtos químicos usados para fazer fentanil, um poderoso opiáceo. Depois de avançar com as taxas, parece estar a conseguir os seus objetivos. Perceba o que está em causa.

Carmen Guilherme com Lusa | 23:21 - 03/02/2025

Aliás, vale sublinhar que, entretanto, o presidente dos EUA disse que concordou em "suspender imediatamente" as tarifas impostas ao México durante um mês, após uma conversa "muito amigável" com a chefe de Estado do país, Claudia Sheinbaum. O mesmo se verificou em relação ao Canadá, depois de obter compromissos de última hora sobre questões fronteiriças com o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau. 

Por sua vez, a China anunciou a abertura de uma investigação à Google e impôs novas tarifas sobre uma série de produtos norte-americanos, em resposta à medida da Casa Branca.

3. Qual é a justificação de Trump para aplicar esta medida? 

Trump justifica esta medida com o défice comercial dos EUA: "Estão realmente a aproveitar-se de nós, temos um défice de 300 mil milhões de dólares [293 mil milhões de euros]. Não levam os nossos automóveis nem os nossos produtos agrícolas, praticamente nada, e todos nós compramos, milhões de automóveis, níveis enormes de produtos agrícolas", disse no domingo à imprensa.

Trump admitiu que as novas tarifas podem causar sofrimento ao povo norte-americano, mas garantiu que "tudo valerá a pena" porque vai "tornar a América grande de novo".

"Haverá sofrimento? Sim, talvez (e talvez não). Mas vamos tornar a América grande de novo, e tudo valerá a pena", escreveu Donald Trump, em letras maiúsculas, no perfil da rede social que fundou, a Truth Social, citado pela agência de notícias France-Presse.

4. Qual o impacto que esta decisão pode ter nos mercados globais? 

As tarifas anunciadas por Donald Trump provocaram quedas nos mercados financeiros e podem enfraquecer o crescimento global, enquanto o dólar americano beneficia das pressões sobre a inflação, segundo salientam analistas.

"Talvez não tenha sido a dimensão das taxas aduaneiras que apanhou os mercados de surpresa, mas sim a rapidez com que serão impostas e a rapidez da resposta retaliatória por parte do Canadá e do México", indicam os analistas, alertando que se trata de "uma guerra comercial total e que, preocupantemente, pode estar apenas a começar, com o Presidente Trump a insinuar que a UE será a próxima a sentir a ira das suas políticas tarifárias".

Existe o receio de que estas tarifas "possam enfraquecer significativamente o crescimento global em 2025", explicam os analistas, o que "cria um ambiente extremamente desagradável para os ativos de risco". Por outro lado, cria-se também um ambiente favorável para o dólar, "especialmente tendo em conta a ameaça crescente de taxas mais elevadas da Reserva Federal durante mais tempo".

Análise. Tarifas de Trump pesam nos mercados e podem travar crescimento

Análise. Tarifas de Trump pesam nos mercados e podem travar crescimento

As tarifas anunciadas pelo Presidente norte-americano Donald Trump provocaram quedas nos mercados financeiros e podem enfraquecer o crescimento global, enquanto o dólar americano beneficia das pressões sobre a inflação, segundo salientam analistas.

Lusa | 13:30 - 03/02/2025

Por outro lado, analistas citados pela Efe acreditam que as tarifas impostas pelos Estados Unidos à China, México e Canadá serão temporárias porque, defendem, Donald Trump está a usá-las como uma ferramenta para obter acordos mais favoráveis aos interesses dos EUA.

Henrique Tomé, analista da XTB, explicou ao Notícias ao Minuto que "as incertezas à volta das tarifas têm aumentado cada vez mais, os mercados começaram a sessão de segunda-feira com fortes quedas nos ativos de risco, enquanto o dólar americano valorizou fortemente em relação às principais moedas". 

"Os mercados ontem ainda recuperaram a meio da sessão, mas hoje estão novamente a recuar (apesar da escala dos movimentos ser menor)", adiantou ainda.  

5. O que vai fazer a UE? 

A União Europeia lamentou o aumento das taxas aduaneiras pelos EUA sobre produtos do Canadá, do México e da China, e disse que vai retaliar fortemente se for alvo de tarifas injustas.

"A UE acredita firmemente que direitos aduaneiros baixos promovem o crescimento e a estabilidade económica", disse a Comissão Europeia em comunicado, através do qual considerou a imposição de mais tarifas pelos EUA como "nocivas para todas as partes".

Já, se o bloco europeu for também alvo dessas medidas, o executivo comunitário vai "retaliar fortemente".

Já o governador do Banco de França considerou "preocupante" a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas aduaneiras ao Canadá, México e China e defendeu que a União Europeia não pode excluir uma resposta nem agir de forma "ingénua ou indefesa".

[Notícia atualizada às 10h53]

Leia Também: China abre investigação contra Google e impõe tarifas a produtos dos EUA

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