"Gostaria de sublinhar em particular os debates que teremos sobre o impacto das incertezas geopolíticas que enfrentamos atualmente na economia europeia e da zona euro. É verdade que vivemos em tempos geopolíticos turbulentos, o que também está a afetar as nossas previsões económicas e, por isso, temos de trabalhar muito seriamente para reforçar a resiliência e a competitividade da economia europeia", disse Valdis Dombrovskis, à chegada à reunião dos ministros das Finanças da zona euro (Eurogrupo), em Bruxelas.
No dia em que se realiza em Paris uma reunião informal promovida pelo Presidente francês sobre a Ucrânia e segurança na Europa -- com participação de líderes de oito países europeus, os presidentes do Conselho Europeu, António Costa, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o secretário-geral da NATO, Mark Rutte --, o responsável comunitário salientou que, "sem uma paz duradoura na Ucrânia, também não se pode contribuir para a estabilidade económica e para o crescimento económico e a segurança da Europa".
Face à atual tentativa de mediação norte-americana de negociações para o fim da guerra da Ucrânia causada pela invasão russa, Valdis Dombrovskis reforçou a posição comunitária, de que "sem a Ucrânia e sem a Europa não pode haver negociações sobre a Ucrânia".
Já quanto às anunciadas novas medidas do Presidente norte-americano, Donald Trump, de tarifas à União Europeia (UE), o comissário europeu da Economia declarou: "Na atual situação de incerteza, temos de deixar bem claro que defenderemos os interesses económicos europeus contra barreiras tarifárias injustificadas, caso estas venham a ser erguidas".
A União Europeia está a preparar-se para possíveis tensões com os Estados Unidos, especialmente em relação a tarifas comerciais, dados os recentes anúncios do Presidente norte-americano, Donald Trump.
Vários líderes já vieram assegurar que a UE está pronta para negociações difíceis, mas no espaço comunitário paira a incerteza sobre a relação transatlântica, que pode ser afetada por esta nova política económica e comercial da administração americana.
De momento, ocorrem também negociações sobre como a UE pode aumentar os seus investimentos em defesa e financiá-los, quando cálculos recentes da Comissão Europeia revelam que são necessários investimentos adicionais na defesa de cerca de 500 mil milhões de euros durante a próxima década.
Na passada sexta-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que iria propor uma flexibilização das apertadas regras orçamentais comunitárias para despesas com defesa na UE, através da ativação da cláusula de escape, semelhante ao que foi feito para os países ajudarem as suas economias aquando da pandemia de covid-19.
"Como a presidente [Von der Leyen] anunciou, [...] estamos atualmente a analisar uma maior flexibilidade no que diz respeito às regras orçamentais europeias para a defesa e a verificar como aplicar a cláusula de escape, que temos na nossa legislação. Iremos detalhar as modalidades nas próximas semanas", adiantou Valdis Dombrovskis, prometendo mais espaço orçamental para tal aposta.
A UE tem em vigor novas normas comunitárias para défice e dívida pública (mantendo porém os tetos de, respetivamente, 3% e 60% do PIB), dada a reforma das regras orçamentais do bloco que os Estados-membros começam agora a aplicar após terem estado a traçar planos nacionais.
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