Esta estimativa foi apresentada pela presidente do BCE, Christine Lagarde, perante a Comissão de Assuntos Económicos do Parlamento Europeu.
Se a União Europeia (UE) responder aumentando as tarifas sobre as importações dos Estados Unidos (EUA), este impacto aumentaria para cerca de meio ponto percentual, acrescentou a presidente do BCE, insistindo que estas estimativas estão sujeitas a uma "considerável incerteza".
Neste cenário, a perspetiva de inflação seria também "significativamente mais incerta", e o BCE estima que, no curto prazo, a retaliação da UE e uma taxa de câmbio do euro mais fraca --- resultante da menor procura de produtos europeus nos EUA --- "poderiam aumentar a inflação em aproximadamente meio ponto percentual".
Christine Lagarde explicou que o efeito seria atenuado a médio prazo, uma vez que a atividade económica mais fraca reduziria as pressões inflacionistas, sublinhando que o impacto das tarifas poderá não ser linear devido a uma reconfiguração das cadeias de abastecimento globais.
"É claro que o elevado nível de incerteza política exige que nos mantenhamos vigilantes e prontos para agir para proteger a estabilidade de preços", disse durante a sessão em que os eurodeputados lhe pediram para abordar o impacto da guerra comercial.
A presidente do BCE realçou que a mudança nas políticas de Washington conduziu a níveis "excecionalmente elevados" de incerteza sobre a direção da política comercial, sendo que a zona euro está "particularmente exposta" a alterações nestas políticas.
A responsável considerou, no entanto, que a resposta europeia deveria ser "mais, não menos, integração comercial" com parceiros tanto de fora como de dentro da própria UE, e sublinhou que a análise do BCE sugere que uma maior integração com o resto do mundo "poderá mais do que compensar as perdas sofridas pelas tarifas unilaterais, incluindo retaliações".
Em relação à política de taxas de juro do BCE, Lagarde insistiu que o banco central "está determinado a garantir que a inflação estabiliza de forma sustentável na sua meta de médio prazo de 2%", mas não pode comprometer-se antecipadamente com uma trajetória de taxas específica, especialmente nas atuais condições incertas.
No início do mês, o BCE implementou o seu sexto corte nas taxas de juro desde junho passado, elevando para 2,5% a taxa de depósito, que agora usa como referência.
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