Os ministros das Finanças da União Europeia (UE) discutem hoje o financiamento da aposta comunitária em defesa e um relatório do grupo de reflexão económica Bruegel, encomendado pela presidência polaca do Conselho, que propõe a criação de um mecanismo europeu comum, semelhante ao fundo de resgate da zona euro após a anterior crise financeira, mas desta vez focado na segurança.
Falando sobre esta proposta na chegada à reunião informal do Ecofin, em Varsóvia, o ministro português da tutela, Joaquim Miranda Sarmento, apontou à Lusa que "esta proposta do Bruegel é um ponto de partida interessante de discussão".
"A Europa, nas várias crises que teve, tem tido capacidade de combinar instrumentos que já existem com novos instrumentos. [...] Tem vários aspetos em aberto, vários aspetos que geram naturalmente discussão e algum antagonismo entre Estados-membros, mas é um bom ponto de partida e por isso é que a Comissão Europeia marcou esta discussão para hoje", acrescentou.
Realizada em Varsóvia pela presidência do Conselho da UE assumida pela Polónia, a reunião informal do Ecofin -- composto pelos ministros das Finanças da União -- visa para discutir como aumentar as oportunidades de investimento e financiar a defesa e da segurança da Europa, num contexto de tensões geopolíticas.
Servirá também para a analisar a proposta de um novo Mecanismo Europeu de Defesa, uma instituição intergovernamental semelhante ao Mecanismo Europeu de Estabilidade que foi criado para assistência financeira, mas desta vez para criar um mercado único da indústria, financiar projetos de grande escala e incluir parceiros fora da UE (como Reino Unido).
Para Portugal, entre os pontos positivos estão "a questão do 'procurement' [compras conjuntas], a questão dos projetos de grande escala, a questão da cooperação entre os Estados-membros, a questão do financiamento que depois permitiria ir ao mercado e [...] alavancar esse financiamento em recursos superiores".
"Tem vários aspetos positivos, mas também tem outros, até mais de natureza militar, que geram dúvidas aos Estados-membros e que são dúvidas legítimas", adiantou Joaquim Miranda Sarmento à Lusa.
Vários países, com a Alemanha à cabeça, já rejeitaram esta ideia, nomeadamente por prever a participação de países de fora da UE e assentar em nova emissão de dívida comum, de acordo com fontes comunitárias ouvidas pela Lusa.
O Bruegel já veio estimar que a UE possa ter de gastar 250 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 3,5% do seu Produto Interno Bruto (PIB), para a sua segurança face à guerra da Ucrânia causada pela invasão russa.
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