"É esta doença das parcerias público-privadas que conduziu o país à situação em que se encontra", afirmou aos jornalistas Marinho e Pinto, junto ao parque de estacionamento do hospital de Santo André, concessionado a uma empresa privada.
Para o presidente do PDR e cabeça de lista pelo círculo de Coimbra, o estacionamento devia estar aberto para os utentes do hospital e seus familiares, "mas como é uma coisa lucrativa e podia gerar recursos para o hospital, não, entrega-se a um privado e os recursos vão para os donos deste parque".
"É esta a cultura que predomina nas nossas elites políticas, é esta a cultura que tem desgraçado Portugal, porque tudo aquilo que pode dar algum lucro entrega-se aos privados, tudo aquilo que dá prejuízo, esse sim, fica a cargo dos impostos dos contribuintes", declarou.
Nesta lógica, salientou o responsável, "não há impostos que cheguem, não há povo que aguente pagar impostos para o Estado ter de pagar as coisas que dão prejuízo, enquanto as que dão lucro vão sempre para privados".
"Este é pequeno, mas é um exemplo perfeito e completo da incapacidade dos nossos gestores, dos nossos dirigentes políticos, dos responsáveis por este hospital", considerou o candidato, questionando por que razão concessionaram o estacionamento a uma empresa privada e não ficou a cargo do próprio hospital.
À pergunta se esta é uma "doença nacional", Marinho e Pinto respondeu que se trata de uma "grave doença deste país", rejeitando, contudo, a crítica apenas aos políticos que o permitem.
"Por detrás disto há o familiar de um político que está aqui a ter lucros, por detrás disto há o familiar de um dirigente de um partido político, senão o próprio dirigente de um partido político a ter lucros com isto, por detrás disto há, também, a incapacidade, quase diria congénita, de o povo português em punir politicamente essas situações", acrescentou.
Questionado se não haverá PPP com o PDR, o candidato afirmou que haverá, mas "o que não haverá é as parcerias que tem havido, em que a carne toda vai para os privados e o osso para os contribuintes".
"Com o PDR haverá uma coisa, se o povo português nos der responsabilidades políticas que nos permitam tomar decisões, nós garantiremos que vamos fazer uma reavaliação de todas as parcerias público-privadas sem exceção", garantiu.
Segundo Marinho e Pinto, nesse processo serão vistas "as margens de lucro que são proporcionadas a investimentos onde o risco é zero, onde não há risco, e (...) as margens de lucro que são proporcionadas aos privados, porventura em troca de empregos para os familiares dos políticos que decidiriam essas parcerias público-privadas, porventura empregos para os dirigentes dos partidos que estavam no poder quando foram feitas esses contratos".