“Percebo as preocupações do Banco de Portugal e até do Governo. Dou-lhe o exemplo da experiência do BPN: foi um erro crasso do Governo PS deixar o BPN ser gerido em situação transitória pela CGD durante três anos e meio. A lição óbvia do BPN é que passou a haver uma gestão transitória do banco”, começa por afirmar.
Para Mira Amaral, “a lição do BPN leva a dizer que não se deve vender o Novo Banco ao desbarato, mas deve ser vendido o mais rapidamente possível porque é sempre mau para uma empresa, ainda mais para um banco, ser mantido numa situação transitória”.
“Convém vender, mas não quer dizer que seja amanhã, convém é ser vendido a tempo e horas”, acrescenta.
Já sobre o seu banco revela que o BIC “tem financiado as boas empresas nacionais” no entanto, “não há tantas como gostariam”. “Temos um nicho que diria ser a nossa vantagem em relação a outros bancos – as relações com Angola”, refere.
“A economia portuguesa precisa de investimento direto estrangeiro como de pão para a boca. Na altura mais aguda da crise, em que tínhamos cá a troika, os mercados externos fecharam-se praticamente a Portugal. Logo, o investimento que tivemos cá nessa fase foi basicamente angolano e chinês”, revela.
Mira Amaral afirma ainda que “se investimos em Angola é do nosso interesse que os angolanos invistam em Portugal porque assim arranjamos uma cumplicidade estratégica. Quanto mais os angolanos estiverem presentes na economia portuguesa mais protegidos estaremos em Angola”.