Ao fim de cinco anos na liderança do Banco de Portugal (BdP), o governador Carlos Costa esclarece e comenta, este sábado, em entrevista ao semanário Expresso, as críticas do primeiro-ministro sobre a sua gestão e o polémico caso BES.
"Não tenho nenhuma" declaração a fazer sobre as declarações de António Costa, afirma o governador do BdP, garantindo que "as relações entre o Banco de Portugal, o Ministério das Finanças e a Presidência do Conselho de Ministros tem sido de cooperação empenhada e leal da nossa parte como salvaguarda da nossa independência e autonomia".
Pelo que, continua, "a única coisa que deve ter acontecido foi uma falta de informação acerca de uma reunião que já estava agendada".
Neste sentido, o governador do BdP assegura que não sente qualquer pressão. "Podemos ter visões nem sempre coincidentes, mas desde que isso seja norteado de um lado e do outro pelo público", a "autonomia e independência" do regulador, diz, será "preservada".
Questionado sobre se a sua demissão é uma possível, Carlos Costa afirma que "não há nenhuma razão para isso". "Quando se é nomeado e se está subordinado a um estatuto que é o do sistema europeu dos bancos centrais, aos tratados e à lei orgânica, e quando se tem por objetivo prosseguir o interesse público, seria curioso que qualquer pequeno incidente determinasse uma perda de vontade de alcançar os objetivos que tenho de prosseguir", esclarece.
"Além do mais, [demitir-me] seria uma forma de não cumprir com o que está previsto nos tratados e no que é o compromisso com os meus colegas do Conselho de Governadores, e seria obviamente atribuir um significado que não tem a uma declaração", acrescenta referindo-se às críticas do chefe do Governo.
E a independência do BdP não foi 'beliscada'? "O senhor primeiro-ministro disse no dia seguinte que não estava em causa a independência do Banco de Portugal e por isso encerrou o problema", sublinha Carlos Costa.