Em Berlim, numa intervenção na Associação Alemã de Bancos (BdB, na sigla em alemão), Angela Merkel apontou para as diferenças existentes nos mercados de crédito entre os vários países europeus que aderiram à moeda única, quer ao nível das dívidas soberanas, quer em termos dos empréstimos comerciais, numa fase de fraco crescimento na zona euro.
E disse, citada pela agência Bloomberg, que as altas taxas de juro cobradas junto da economia real em países como Portugal criam o risco de uma crise de crédito, que colocará entraves à recuperação económica dos países mais afectados pela crise na zona euro.
Salientando que o euro é do "interesse fundamental" da Alemanha, Merkel sublinhou que a solidez das finanças públicas e as medidas de incentivo ao crescimento económico devem andar de mãos dadas nos países da zona euro.
Mais tarde, num encontro com uma comitiva de responsáveis do Qatar que está a visitar a Alemanha, Merkel assegurou que a Alemanha irá continuar, em conjunto com os seus parceiros europeus, a tomar as medidas necessárias para proteger o euro.
O impulso à competitividade económica e o estabelecimento de uma união bancária na zona euro foram duas das medidas defendidas pela chanceler alemã.
Os elevados juros que estão a ser cobrados pela banca na concessão de crédito têm estado na ordem do dia em Portugal.
No sábado, no final de uma reunião do Conselho Nacional do PSD, em Lisboa, o primeiro-ministro Pedro Passos Coelho afirmou aos jornalistas que o Governo vai atuar para que a banca reanime o crédito à economia, depois de assinalar o apoio à recapitalização de alguns bancos e os meios dados à Caixa Geral de Depósitos (CGD).
"O Estado - que, de resto, suportou a recapitalização de alguns bancos privados e que dotou a CGD dos meios necessários, de rácios de capital necessários para exercer esse papel - não deixará de activamente, junto dessas instituições, garantir que tudo o que elas podem fazer para reanimar o crédito à economia seja feito", declarou Passos Coelho.
Pedro Passos Coelho disse ter sido essa a posição que assumiu nesta reunião do órgão máximo do PSD entre congressos sobre o papel da banca.
Antes, o primeiro-ministro e presidente do PSD considerou que "há hoje uma parte da recessão que está a ser causada de forma desnecessária, pela falta de crédito à economia, não obstante haver bancos capitalizados que possam assegurar esse crédito à economia".
"Sabemos as condições muito restritivas em que os bancos também funcionam, sabemos que o seu próprio financiamento é conseguido com juros que são elevados e que depois são transferidos para o mercado nos empréstimos que são realizados", referiu Passos Coelho.
"Mas eu acredito que há hoje alguma margem para que os bancos possam ter, sem ferir a análise de risco que cada instituição deve fazer, uma posição mais activa na retoma do investimento", acrescentou o chefe do Governo PSD/CDS-PP na defesa desta posição.