Perda do controlo do BFA tem mais impacto na gestão, diz Ulrich

A venda de 2% do capital do Banco de Fomento Angola (BFA) pelo BPI à Unitel implica que o banco português perca influência ao nível da gestão, continuando a encaixar 48% dos lucros da entidade angolana, assinalou hoje Fernando Ulrich.

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Lusa
26/10/2016 21:08 ‧ 26/10/2016 por Lusa

Economia

Fernando Ulrich

"Não vamos passar para uma situação de BPI sem BFA. Vamos vender 2% à Unitel e ficar com 48,1%. O BPI deixará de consolidar o BFA pelo método integral, mas passará a apropriar-se de 48,1% dos resultados do BFA que alimentarão os resultados consolidados por equivalência patrimonial", afirmou o presidente executivo do BPI.

De resto, segundo Ulrich, que falava durante a conferência de imprensa de apresentação das contas dos primeiros nove meses do ano, em Lisboa, "a desconsolidação do BFA vai aumentar um pouco o rácio de capital do BPI".

Ainda assim, o gestor reconheceu que com este negócio -- que passa o controlo do BFA para as mãos da operadora de telecomunicações Unitel, controlada pela empresária angolana Isabel dos Santos --, "há uma alteração significativa".

É que o acordo estabelecido com a Unitel para vender os 2% do BFA e, assim, respeitar as exigências do Banco Central Europeu (BCE) sobre os limites aos grandes riscos, "implica que o BPI passará a ter uma influência muito menor na gestão do BFA", sublinhou Ulrich.

"O BPI terá 2 administradores não executivos, o que é totalmente diferente do que se passa hoje, em que é o BPI quem nomeia a maioria dos administradores", acrescentou.

Questionado sobre a solução encontrada para satisfazer as exigências do BCE, Ulrich admitiu que foram tentadas "outras soluções", mas que esta foi a solução que permitiu ultrapassar o impasse que entretanto foi criado em torno desta matéria.

"Demos o litro, como se costuma dizer, e isto foi o que conseguimos fazer. Agora é fácil dizer que poderia ser assim ou assado, mas é bom não esquecer que tínhamos que cumprir com as determinações do novo supervisor, o BCE", assinalou o gestor.

Ulrich vincou ainda que "a situação era muito complexa e difícil", pelo que o acordo com a Unitel "foi o melhor" possível.

"Só posso dizer que quer eu quer toda a equipa que trabalhámos nesse dossiê tentámos tudo o que fomos capazes de imaginar e essa solução foi a que conseguimos concretizar", rematou.

A Unitel vai passar a controlar a maioria do capital do BFA depois de expressar o seu acordo com os termos propostos pelo BPI em meados de setembro, anunciou a 07 de outubro a instituição bancária portuguesa.

O BPI detalhou que aquele acordo vai traduzir-se na venda de 2% do capital social do BFA à Unitel, que passa a ter 51,9% e o BPI 48,1%.

Esta operação depende de algumas condições, designadamente o recebimento pelo BPI do preço acordado (28 milhões de euros), em Portugal, bem como a 'luz verde' dos supervisores.

 

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