"Percebe-se por que é amigo de Costa. Cria consensos entre gatos e ratos"

O anúncio oficial da solução para os lesados do BES e GES foi palco de uma saudável troca de elogios entre António Costa, Lacerda Machado e a Associação dos Lesados e Indignados do BES. Houve também direito a palavras elogiosas para "um homem com h grande": Carlos Tavares.

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Bruno Mourão
19/12/2016 16:12 ‧ 19/12/2016 por Bruno Mourão

Economia

Lacerda Machado

Se Lisboa tem mais encanto na hora da despedida, o que dizer do processo BES? A queda do banco, peça central do antigo império Espírito Santo, foi acompanhada de muitas queixas de antigos clientes, que tanto tempo depois ainda não deixaram de ter o estatuto de lesados. 

A entrada em cena do Governo de António Costa trouxe uma nova aproximação entre as partes, que vários meses volvidos, redundou na tão esperada solução para os lesados. Na hora do anúncio oficial, as partes envolvidas não pouparam elogios mútuos, com o representante da Associação dos Lesados e Indignados do BES a surgir em grande destaque. 

Começando por António Costa - "apercebeu-se, de uma forma inteligente, que este não era um problema só nosso, era um problema do país" -, Ricardo Ângelo responsabilizou um conhecido amigo do primeiro-ministro pelas negociações bem sucedidas: "Queremos agradecer ao doutor Lacerda Machado. Agora percebe-se porque é que ele é o melhor amigo do doutor António Costa. Consegue criar consensos entre um gato e um rato"

Assumindo o "comportamento de rua" dos lesados, como consequência da falta de diálogo, Ricardo Ângelo lamentou excessos pontuais e deixou um grande elogio ao ex-presidente da CMVM: "Carlos Tavares é um homem com h grande. Ficará na memória de todos os lesados. Merecia uma estátua!"

Diogo Lacerda Machado, representante jurídico escolhido como mediador das conversas pelo Governo, deu conta do "genuíno espírito de colaboração" e do "notabilíssimo espírito de diálogo" que marcou as reuniões do grupo de trabalho e agradeceu aos representantes dos lesados e das entidades públicas pela abertura às negociações. 

Do lado do Governo, António Costa falou de "uma questão de credibilidade" e garantiu que apesar de "não se poder endireitar a sombra de uma barra torta", foi conseguida "uma solução que não isenta quem tem obrigação de pagar e não onera os contribuintes"

"Não endireitámos a barra nem a sombra, mas cumprimos o nosso dever."

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