"Essa tem que ser a última das nossas preocupações neste momento", disse António Costa, quando questionado sobre a possibilidade de os apoios aos territórios afetados pelos incêndios poderem afetar a meta do défice.
Segundo o primeiro-ministro, é necessário "manter uma trajetória de consolidação orçamental", sem que o Governo fique fixado nisso.
"Não podemos ter uma obsessão, quando a prioridade que temos neste momento é obviamente reconstruir o país, é apoiar as famílias, é apoiar a reconstrução das habitações, é apoiar a reconstrução do tecido económico", sublinhou, considerando que sem a reativação da atividade económica na região afetada pelos incêndios "aquilo que está desertificado mais desertificado fica".
Nesse sentido, "a reativação da atividade económica é absolutamente central", sublinhou António Costa, que falava aos jornalistas após uma reunião de trabalho à porta fechada, na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), em Coimbra, onde foi apresentado um levantamento provisórios dos prejuízos das empresas afetadas pelos incêndios de 15 de outubro.
Porém, o líder do executivo sublinhou que está a ser feito um esforço para se "conseguir compatibilizar as coisas, quer através da mobilização de fundos comunitários, quer através da negociação com a Comissão Europeia de isenções de contabilização de certa despesa para efeitos do défice, quer com mecanismos de reengenharia que permitem a mobilização de recursos".
"Estamos a encontrar soluções de forma a, sem derrapagens, responder àquilo que é necessário", explanou António Costa, reafirmando que "a última preocupação" do Governo é "discutir uma décima ou menos uma décima".
A própria Comissão Europeia não coloca essa questão, frisou, considerando que "não vale a pena" criar "angústias".
"Concentremo-nos em fazer aquilo que estamos a fazer. Claro que com responsabilidade, sabendo que temos metas a cumprir, que temos objetivos que temos de prosseguir e que iremos prosseguir de forma equilibrada como temos feito até agora", vincou.
"Com certeza que iremos conseguir resolver os problemas sem criar novos problemas", concluiu António Costa.
A sessão em Coimbra com a presença da presidente da CCDRC, Ana Abrunhosa, do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, do ministro Adjunto, Pedro Siza Vieira, do ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, do ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e do secretário de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson de Souza.
As centenas de incêndios que deflagraram no dia 15 de outubro, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram 45 mortos e cerca de 70 feridos, perto de uma dezena dos quais graves.
Os fogos obrigaram a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas, sobretudo nas regiões Norte e Centro.
Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos em Portugal, depois de Pedrógão Grande, em junho deste ano, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou, segundo a contabilização oficial, 64 mortos e mais de 250 feridos. Registou-se ainda a morte de uma mulher que foi atropelada quando fugia deste fogo.