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"Ninguém sabe lidar com uma situação destas", diz mãe de Diogo Carmona

O ator foi condenado a quatro anos de prisão de pena suspensa após ser considerado culpado de um crime de violência doméstica.

"Ninguém sabe lidar com uma situação destas", diz mãe de Diogo Carmona
Notícias ao Minuto

13:50 - 23/06/20 por Notícias Ao Minuto

Fama Diogo Carmona

Patrícia Carmona, mãe de Diogo Carmona, esteve à conversa com Manuel Luís Goucha, entrevista que foi transmitida esta terça-feira, 23 de junho, depois de ter sido conhecida a sentença do ator

Diogo foi condenado a quatro anos de prisão de pena suspensa pelo crime de violência doméstica, depois de ter sido acusado de agredir a mãe e a avó materna. 

Inicialmente, Patrícia começou por explicar a razão de ter-se mantido em silêncio sobre o caso, mesmo depois das acusações e manifestações públicas do filho sobre o assunto. "Primeiro porque acho que a nossa vida só a nós diz respeito e o Diogo não assume, mas, infelizmente, o Diogo tem um problema de saúde", começou por dizer, referindo-se ao "quadro psicótico", doença com a qual, diz, foi diagnosticado. 

"Acho que expor-me pode não ser bom para o Diogo e, acima de tudo, aquilo que sempre quis foi o bem dele, mesmo sabendo que ele me ataca publicamente", acrescentou, partilhando o que sente ao ver o filho a acusá-la de roubar dinheiro. 

"Neste momento o que se sente é cansaço. Ao príncipio é um choque, depois as coisas com o seu tempo vão tendo outro impacto na nossa vida, mas são feridas que jamais vão ser saradas, para todos nós", confessa, mostrando-se, ainda assim, com esperança de que esta não seja uma relação perdida. 

Sobre o acidente que Diogo Carmona sofreu no ano passado, tendo-lhe sido amputado um pé, Patrícia diz que acredita que não tenha sido um acidente. "Ele cria uma realidade só dele e acredita que foi um acidente, mas não foi". 

Além disso, recorda que na altura houve uma "aproximação física". "Ele estava com uma ordem de afastamento há três dias [por causa do julgamento por violência doméstica] e eu pedi autorização [para ir para junto dele]. Naquele momento não se pensa nisso, naquele momento o que se pensa é: vou continuar a fazer aquilo que sempre fiz. Mesmo com a relação degradada publicamente, o Diogo estava a viver comigo novamente. Nunca deixei de o sustentar, nunca deixei de estar presente na vida dele da forma que ele ia permitindo, com muito jogo emocional, muita manipulação, que é uma característica também já diagnosticada pelo médico", partilhou, afirmando que estas características "fazem parte da doença e da personalidade" do filho. 

"O Diogo tem um distúrbio de personalidade e, infelizmente, na lei da saúde pública não é considerada uma doença e daí nós não conseguirmos que o Diogo seja acompanhado e tratado sem ser por vontade dele", continuou. 

Patrícia destaca que o filho foi acompanhado em pedopsiquiatria desde os cinco anos e que desde pequeno apresentava características que a "alarmavam para algum comportamento". "Foi sempre dito que era pela a ausência do pai. Cada vez que era contrariado, virava-se contra mim. Os meus amigos diziam que o Diogo qualquer dia ia bater-me. Eu achava que ele era rebelde. Mas se calhar não tive firmeza, mas sim um excesso de mimo, e se calhar tentei compensar a ausência do pai de uma forma que não a correta", admite. 

"Chego a este ponto da minha vida em que perdi tudo, perdi a minha dignidade a partir do momento em que nós permitimos que as coisas cheguem a um ponto de agressão física, mesmo por parte de um filho", afirmou, falando das acusações de violência doméstica. "Ainda que não haja provas evidentes porque felizmente só fiquei marcada uma vez, só sangrei uma vez", relata, referindo que existem fotografias que estão no processo. 

"Eu não quero ver o meu filho preso, ele não é um criminoso. Agrediu-me e agrediu a minha mãe, ameaçou-nos de morte. Não digo isto com leveza, mas o meu desgaste já é tão grande que neste momento as coisas já estão mais longe. O que preciso agora é de chegar ao fim disto e saber que ele vai ficar bem de alguma forma", salientou, tendo dito mais à frente na entrevista que nem sempre que era agredida apresentou queixa. "Sabia que ele estava a precisar de ajuda médica". Neste momento, mãe e filho não comunicam. 

Sobre o dinheiro que Diogo acusa a mãe de ter roubado, Patrícia diz que de facto o dinheiro não estava na conta bancária do ator quando este ficou autorizado a aceder à mesma, explicando que o montante "foi gasto com ele ao longo da vida dele". 

"Sem ele dar conta porque eu, aí sim errei, não lhe disse que a vida que ele fazia não era compatível com os nossos ordenados", reconheceu, admitindo ainda que "mimava demais" o filho. 

De seguida, Patrícia conta que as agressões começaram antes de Diogo Carmona se aperceber que já não tinha tinha o dinheiro na conta bancária. "Ele começou-me a agredir aos 18 anos e a história do dinheiro dá-se aos 19". 

"Eu não o enganei, sinto que omiti e foi um erro grave", confessa a mãe do ator falando de novo nos gastos feitos ao longo do crescimento de Diogo, afirmando que várias vezes pediu desculpa ao filho. 

Patrícia Carmona confirma ainda que o filho foi internado várias vezes e que a primeira vez foi por volta dos 19 anos, com um "surto psicótico". 

A mãe do jovem artista diz que está a ser acompanhada por um psicólogo da APAV. "Ninguém sabe lidar com uma situação destas. Para mim o dinheiro é o que menos interessa. O que me interessa é o que vai emocionalmente dentro da cabeça dele e ele achar que eu e a minha mãe o tentávamos envenenar, que lhe roubávamos roupa, que as pessoas da escola de teatro entravam dentro da cabeça dele para lhe tirarem as ideias... E depois uma falta de humildade", acrescentou, destacando ainda que o filho "é muito inteligente" e que "não é um monstro", apenas "precisa de ser ajudado".

Esta entrevista que aconteceu antes de a sentença ter sido conhecida. Na altura, Patrícia Carmona afirmava que "não queria ver o filho preso". "Atenção que eu não quero ver o Diogo internado. Ele precisa de ser acompanhado e tratado", realçou. "Quero que ele encontre paz dentro dele", salientou ainda. 

Reação após ser conhecida a sentença:

"Estou a digerir, a tentar aceitar o que aconteceu ali dentro. Praticamente todos os crimes dos quais ele foi acusado, foram provados. Ele olhou para trás, para mim e para a avó paterna muito desorientado, o que é normal. Olhou para mim como quem diz o que é que se está aqui a passar", conta. 

Patrícia Carmona voltou a lamentar o facto de não ser obrigada a ser tratada uma pessoa que tenha um distúrbio de personalidade. "A lei diz que a personalidade não é uma doença, é uma característica da pessoa, por isso não se pode obrigar uma pessoa que tem estas características a ser tratada. Infelizmente não é uma surpresa para mim, mas é a maior dor que levo disto tudo. Quando eu pedi ajuda legal foi precisamente, não para ter este desfecho em que o meu filho fosse condenado, mas para que ele fosse ajudado a perceber que tinha um problema de saúde e que o tratassem, que o obrigassem a perceber que algo estava errado. E aí, creio que a justiça falhou. Era a única [justiça] que queria", disse, acreditando que o filho esteja a ser "influenciado por outras pessoas". 

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