Naturismo: A liberdade individual e respeito pelo próximo, a nu

O naturismo está a crescer em Portugal, pelo crescente número de portugueses ou estrangeiros que aderem ao nudismo no país. O Notícias ao Minuto falou com Rui Elvas, presidente da Associação Alma Naturista que foi criada no ano passado.

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Mariana Botelho
18/06/2018 09:45 ‧ 18/06/2018 por Mariana Botelho

Lifestyle

Naturismo

É já este mês que a Praia do Meco recebe, pela sexta vez, a Légua Nudista, prova de cinco km em que os corredores calçam as sapatilhas de corrida (e nada mais, literalmente) numa tentativa de acabar com os preconceitos sobre a pratica de naturismo, que se define como filosofia de vida em que se vive em harmonia com a natureza, e que se reflete pela prática de nudismo.

Em Portugal, a tendência está a crescer, havendo já oito praias legalizadas para a prática do naturismo, todas a Sul do país, além de “várias dezenas de praias identificadas de uso e costume naturista, algumas delas enquadradas na lei em vigor” aponta Rui Elvas, presidente da Associação Alma Naturista, que foi criada em outubro do ano passado por 11 naturistas federados com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento desta prática em Portugal.

“Nas nossas atividades, procuramos além de atividades de âmbito naturista, onde a roupa é opcional, desenvolver atividades com outras formas de cidadania em prol do ambiente e da solidariedade” explica Rui Elvas, que nos esclarece que a associação que preside passa por assenta “na liberdade individual, estruturado por núcleos, com liberdade financeira e atividades próprias, que permitam uma maior proximidade à comunidade naturista e ao poder local.”

Entre as atividades que promovem esta filosofia, destaca-se o 36º Congresso Mundial Naturista que pela primeira vez acontece em Portugal. "A candidatura ao Congresso nasce de forma natural e espontânea por um grupo de cinco naturistas federados, que acreditaram ser possível realizar o evento em Portugal pela primeira vez, celebrando assim os 40 anos da primeira participação de Portugal num Congresso Naturista Mundial que ocorre em 1978", atenta Rui Elvas.

Se acha que esta é uma prática estranha, não é o único. A nível nacional, os preconceitos existem tanto dentro como fora da comunidade naturista. Na visão de Rui Elvas, são duas as situações com que se lida: “por um lado temos uma parte com aversão à mudança e ao crescimento, procurando seguir o seu caminho dentro do que foi feito no passado ou realizando atualizações pontuais que permitam manter e absorver sem sobressaltos as mudanças na sociedade, por outro lado existem na comunidade pessoas que procuram um maior crescimento do naturismo através de um maior apreço pela liberdade individual, tolerância e respeito pelo próximo, conjugando o naturismo e a nudez com a comunidade ou a família têxtil em atividades abertas a todos e com a participação de todos.”

"Não sendo viável a prática do naturismo em todas as praias, não faz sentido que nas praias naturistas exista a prática têxtil"Esta conjugação da prática da nudez com a “família têxtil” ou seja, aqueles que opta por usar roupa, divide também a comunidade naturista que preferia que as praias fossem exclusivas para a prática naturista. “O argumento é simples, não sendo viável a prática do naturismo em todas as praias, não faz sentido que nas praias naturistas exista a prática têxtil” aponta Rui Elvas consciente de que este exclusivismo não é legalmente possível no país.

Por outro lado, ao aceitar a prática têxtil em praias oficialmente legais para naturistas, pode-se estar a abrir portas a futuros naturistas. “Se estes utilizadores se sentem confortáveis com a nudez, em breve eles próprios darão esse passo e se tornam naturistas” pressupõe o presidente da associação.

É no entanto pelo facto de as praias naturistas serem por norma mais isoladas e calmas que “leva a que a comunidade não naturista a procurar estas praias para aproveitar o sossego e o bem estar que elas proporcionam, uma tendência seguida também pelas mulheres praticantes de topless, que eventualmente se sentem mais confortáveis nestas praias.” refere Rui Elvas que aponta também o crescimento de mais locais indicados à prática, algo por que os naturistas anseiam e de que é exemplo a Quinta do Maral, “um projeto fundado por jovens empresários portugueses e que foi o primeiro parque de campismo naturista legalizado em Portugal.”

 “Nos últimos anos é possível ver mais jovens e casais a praticar o naturismo"Quando questionado sobre o crescimento da comunidade naturista em Portugal, Rui Elvas admite que não existem dados estruturados sobre o naturismo em Portugal, mas que apesar do tabu que ainda persiste e dificulta a legalização de praias a norte do rio Tejo, o que faz com que Portugal perda “um nicho de mercado que gera cerca de 4 milhões de turistas naturistas em França, que está em franca expansão e Espanha, que apresenta elevada maturidade em vários países”, “nos últimos anos é possível ver mais jovens e casais a praticar o naturismo, seja nas nossas praias ou espaços naturistas, existindo indicadores de crescimento.”

Quanto às praias legalizadas em Portugal, como já foi referido, são atualmente oito. A aprovação da legalização de cada espaço compete à Assembleia Municipal e passa por debate e votação por várias entidade, entre elas a Região de Turismo, à proposta apresentada.

Conheça as oito praias legalmente naturistas em Portugal:

  • Praia da Bela Vista, Almada, legalizada em 1995
  • Praia do Meco, Sesimbra, legalizada em 1995
  • Praia do Salto, Sines, legalizada em 2002
  • Praia das Adegas, Aljezur, legalizada em 2994
  • Praia do Barril, Tavira, legalizada em 2004
  • Praia dos Alteirinhos, Odemira, legalizada em 2008
  • Praia da Ilha Deserta, Faro, legalizada em 2011
  • Praia da Adiça, Almada, legalizada em 2015

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