Foi ao folhear um dos muitos livros de fotografia de moda da sua coleção que o designer português teve a ideia de fazer "uma coleção inspirada no trabalho de Irving Penn", um dos fotógrafos de moda mais influentes do século XX.
"Acaba por ser um bocado as ideias que eu via nas fotos do Irving Penn: as sombras, os drapeados, os volumes, os laços, os folhos. Os três vestidos que terminaram o desfile são super trabalhados a nível de plissados. Mesmo as vendas que as manequins levavam nos olhos foi pensado também. É muito para imprimir aquela ideia de super-diva", afirmou Diogo Miranda à Lusa.
Para criar a "super-diva", Diogo Miranda recorreu a tecidos estruturados para construir volumes, principalmente as sedas - tafetá de seda e brocados - mas também recorreu a crepes e linhos.
O criador escolheu uma palete cromática bastante clara, com muito pouco preto - ao contrário do que lhe é habitual - e com cores 'nude', como o rosa, o amarelo, o azul céu, em contraste com o roxo, o preto e o 'bordeaux'.
Na passerelle da Universidade de Paris Descartes, viram-se muitos vestidos com 'mangas-morcego' e punhos afinados, silhuetas longas, comprimentos 'midi' e pernas expostas, fluidez, volume e drapeados, cortes assimétricos e linhas elegantes a evocarem os anos 50 e 60.
"Fui trabalhar o que tem feito o ADN da marca, volumes, dramatismo, sem esquecer as formas femininas do corpo. Portanto, não esquecer o corpo da mulher, mas, de certa forma, também lhe dar algum 'touch' diferente", descreveu, sublinhando que pretendeu criar "um sentimento de desejo" nas mulheres para vestirem as suas criações.
Três anos após a sua estreia na Paris Fashion Week, em 2015, o designer de moda português contou com a presença, na primeira fila, de um ícone da moda francesa e da Chanel, Caroline de Maigret, que o foi felicitar no final do desfile, algo que -- para ele - reflete a importância de estar presente na Semana da Moda de Paris.
"Para mim é a Semana da Moda mais importante. É um gosto e um prazer e é 'super importante' estar a apresentar em Paris com o apoio do Portugal Fashion porque toda a gente está cá. Tivemos a Caroline de Maigret na primeira fila a ver o desfile. Ela é a embaixadora da Chanel basicamente. É 'super importante' este 'networking' que tu fazes que às vezes não acontece quando estás em Portugal", indicou.
Diogo Miranda apresentou a sua coleção fora do calendário oficial, horas antes de Luís Buchinho revelar, também na Universidade de Paris Descartes, as suas propostas para a próxima estação quente, e cerca de uma hora depois da estreia da dupla Marques'Almeida no calendário oficial da Paris Fashion Week, no Palais de Tokyo.
A participação portuguesa na Semana da Moda de Paris contou, ainda, com o desfile de Fátima Lopes, esta terça-feira.