Quando Carolina Moreira entrou no curso de Design de Moda, da Lisbon School of Design, já levava a LUS no pensamento. Queria lançar uma marca que “oferecesse alternativas mais sustentáveis e amigas do ambiente em relação à indústria da moda atual”, conta ao Notícias ao Minuto. “Sou extremamente ligada à natureza e ao bem-estar, por isso os problemas ambientais que enfrentamos atualmente são uma grande fonte de preocupação para mim”, acrescenta.
Uma preocupação e, de certa forma, uma inspiração, já que foi esta realidade que fez nascer a LUS, através da qual Carolina faz por enfrentar os problemas da fast fashion, que vai dominando o comércio ligado à moda.
Para a jovem designer, esta realidade está a mudar e por isso olha-a de forma positiva e esperançosa. Em conversa, diz-nos que a maioria do público não tem consciência do que está por trás da indústria da moda atual e das suas consequências sociais, ambientais e para a saúde humana. “Certo é que esta mudança já está a acontecer e é um ponto de partida para a esperança de que um dia a slow fashion passe a ser uma escolha coletiva. É preciso continuar a educar e a consciencializar a população. Temos de ser transparentes. São cada vez mais as pessoas preocupadas com os aspetos ambientais, não só a nível da moda, mas também a todos os outros níveis, e que procuram alternativas mais sustentáveis”, frisa.
É preciso continuar a educar e a consciencializar a população. Temos de ser transparentesPara a LUS, o conceito de sustentabilidade está presente em cada passo da criação de qualquer uma das suas peças. Com um estilo minimalista, que caracteriza a própria autora da marca, “as peças LUS são produzidas sempre a pensar na durabilidade e qualidade do vestuário, praticando preços reais que incorporam custos sociais e ecológicos. Mantendo a sua produção entre pequena e média escalas, de forma a evitar o desperdício e a massificação, LUS é e será sempre um sistema transparente, entre quem produz e quem consome, sendo que um dos principais objetivos é que haja um consumo mais responsável e menos impulsivo, mais consciente e amigo do ambiente”, descreve Carolina.
A marca de roupa foi lançada no final do mês de setembro, com a coleção de Outono/Inverno Délicat, inspirada no kimono japonês e na flor tulipa, cujos elementos foram transportados para as peças.
© LUS
Apresentada num showroom em Ponta Delgada, não fosse Carolina Moreira natural de São Miguel, a linha foi produzida em Portugal Continental por uma amiga “com muitos anos de experiência e um dom gigantesco”, conta ao Notícias ao Minuto: “Confiei-lhe cada uma das minhas peças e não quereria que tivessem sido feitas por mais ninguém, sendo que as próximas coleções serão igualmente produzidas por ela.”
Para o futuro, fala-se já em opções para homem bem como algum projeto feito nos Açores, onde o artesanato local será uma vertente a explorar. Como denominador comum a qualquer coleção, seja no arquipélago ou fora dele, estará o critério de os materiais serem sempre naturais e, tanto quanto possível, de origem biológica.
Quanto aos primeiros, os de origem natural, a designer admite não serem difíceis de encontrar, principalmente quando se fala em fibras naturais como o algodão ou o linho. Já os de origem biológica, torna-se mais difícil e por isso Carolina teve de os comprar fora do país, como foi o caso da seda de bamboo. Tal origem obriga a que os materiais sejam cultivados e produzidos sem quaisquer tipos de químicos, para evitar danos para o ambiente e saúde humana, o que faz deste um produto bastante específico e, consequentemente, limitado. Mas Carolina está confiante de que este é também um mercado em crescimento e por isso no futuro será mais fácil encontrar este tipo de oferta.
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A venda será, para já, feita online através do site oficial da LUS, já que o objetivo passa por vender não só a nível regional e nacional, mas também a nível internacional. “Mais tarde, conforme surgirem oportunidades, a marca será vendida em lojas físicas”, adianta Carolina Moreira.