Um problema de peso. Quatro fatores que levam à obesidade infantil

Novas pesquisas explicam por que a doença é uma das que mais crescem no mundo.

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Liliana Lopes Monteiro
23/04/2019 08:00 ‧ 23/04/2019 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle

Epidemia

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), há aproximadamente 40 milhões de crianças que sofrem de excesso de peso ou obesidade no mundo.

Mas afinal, por que será que as nossas crianças estão a ser tão afetadas por este mal? Pesquisas recentes tentam esclarecer essas questões e apontam fatores que podem levar à obesidade infantil. A saber:

- Alimentação inadequada

É comum a associação do problema com o consumo de fast food. Apesar da grande quantidade de gordura transgénica e sódio que entra no organismo quando devoramos um hambúrguer ou batatas fritas, esta categoria de alimentos não a única culpada pelo ganho de peso. Investigadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, realizaram uma meta-análise que contou com a revisão de inúmeros estudos e que teve como base mais de quatro mil crianças, de 2 a 18 anos, e descobriram que a maior preocupação deveria ser com a alimentação irregular em casa. “É isso que realmente está a conduzir as crianças à obesidade”, afirmou o investigador Barry Popkin, um dos autores do estudo publicado no American Journal of Clinical Nutrition.

Os resultados mostraram que as crianças consomem pouca fruta, vegetais e hortaliças em casa e, em contrapartida, há um exagero em relação aos alimentos industrializados, bolachas recheadas e lasanha congelada, e às bebidas doces, como os refrigerantes. Atitudes simples, como evitar o abastecimento da despensa com guloseimas e disponibilizar snacks saudáveis como fruta, frutos secos ou iogurtes, já são um passo e tanto rumo a hábitos mais saudáveis.

- Predisposição genética

Estudos apontam que criança com ambos os pais obesos ou com excesso de peso tem uma chance 50% maior de desenvolver a doença, já que os genes podem alterar o gasto energético, desregular apetite e saciedade e/ou mudar a forma como o organismo absorve os nutrientes.

Felizmente, um relatório produzido por investigadores da Universidade de Cambridge, no Reino Unido, aponta que, manter um estilo de vida ativo, ajuda a queimar 40% do peso extra relacionado à genética, afastando, assim, o risco de obesidade.

- Dietas restritivas

Dietas restritivas destinadas a crianças só devem ser feitas por recomendação médica. Pelo contrário, mostrar-se-ão ineficientes, prejudiciais para o organismo dos mais novos e até perigosas para o seu desenvolvimento não só físico como mental. Além disso, não se pode esquecer o lado social da alimentação. Proibir que a criança coma qualquer tipo de doce pode fazer com que esta exagere sempre que estiver longe dos pais, em festas de aniversário ou na casa de amigos, por exemplo. O chefe do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica da Faculdade de Medicina da USP, Marcio Mancini, no Brasil tem um conselho muito claro para os pais sobre este assunto: “É mais eficiente e saudável permitir um doce ou dois por semana e uma refeição mais livre no fim de semana do que ser proibitivo demais”.

- Sono irregular

Além do descanso físico e mental, o sono é reparador para todo o organismo. Uma noite mal-dormida pode significar desequilíbrio hormonal, como explica Mancini: “Um sono irregular provoca a redução da substância que causa saciedade, a leptina, e dos picos do GH – a hormona do crescimento que ajuda na formação de músculos e queima de gordura. Há, por outro lado, o aumento da grelina, que desperta a vontade de comer”.

Mais ainda, o stress induzido por uma noite mal dormida causa a produção matinal exagerada de cortisol pela manhã, o que estimula a ingestão compulsiva de alimentos e a consequente acumulação de gordura na região abdominal.

 

 

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