O evento acontece no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL), em Braga, entre a próxima segunda e quarta-feira, contando com mais de 300 participantes de 30 países, entre cientistas, fornecedores de tecnologia, empresários, médicos e decisores políticos.
Em declarações à Lusa, Manuel Banobre, investigador e um dos organizadores, explicou que a nano medicina tem vantagens clínicas, de diagnóstico, de alívio da dor, de custos mas que ainda "emperra" na passagem dos laboratórios para a prática clínica pelo "excesso de burocracia" e exigências técnicas.
"Existem sistemas já muito avançados, tanto de diagnóstico, como terapêutico, com boas performances, mas existe uma falha na passagem para a prática clínica. É o principal entrave, demora muito tempo a chegar do laboratório ao doente. Era importante uma translação mais rápida para a utilização clínica", apontou.
Segundo acredita o investigador, a nano medicina pode mudar a forma como se encontra, trata e se vive com a doença, provocando "uma revolução no sistema de saúde tal como se conhece agora", na procura de sistemas de diagnóstico e tratamento mais eficientes, que permitam um "tratamento mais específico" de certas doenças com "efeitos secundários gravosos".
Além dos benefícios médicos e de bem-estar, o investigador realçou a mais-valia para a sustentabilidade dos sistemas de saúde: "Se se ajustar as doses, não só para serem mais eficazes, como para diminuir os efeitos secundários, vai-se poupar na quantidade de drogas e no tratamento dos efeitos secundários, que, na maior parte dos casos, é o que fica mais caro tratar.
Tendo o cancro por base, poderá vir a ser possível, no futuro, criar cápsulas comandadas como mísseis nucleares, exemplificou o investigador.
"Ainda não conseguindo isso, vamos conseguindo tratamentos mais eficazes pelo facto de dirigir o medicamento ao seu alvo, como se tivesse um GPS", apontou.
Com isto, "será possível reduzir os dias de internamento do doente, a dor e isso terá como vantagem libertar verbas".
Quanto ao diagnóstico, Manuel Banobre salientou que a nano medicina se está a debruçar no "desenvolvimento de técnicas não invasivas de diagnóstico, imagens clínicas, diagnósticos precoces, mais precisos, com mais contraste, por exemplo, nas tecnologias que envolvem imagem".
O NanoMed Europe2019, considerado o maior e "principal evento europeu de nano medicina", pretende ainda "ajudar a preparar o "Horizon Europe", o próximo Programa de Trabalho da Comissão Europeia, a partir de 2021.
Organizado em parceria com a Plataforma Tecnológica Europeia de Nano medicina (ETPN), o evento visa apresentar os mais recentes desenvolvimentos em nanotecnologia aplicados às ciências médicas e à prática clínica, com ênfase para a sustentabilidade dos sistemas de saúde.