Os possíveis efeitos dos desodorizantes estão ligados ao seu modo de atuar: antes de tudo, é necessário ter em conta que, muitas vezes, chama-se de desodorizante o que é, na realidade, um antitranspirante, de acordo com informação divulgada pelo Hospital Lusíadas e pelo médico dermatologista Joaquim Cabrita, clínico no Hospital Lusíadas Albufeira e na Clínica Lusíadas Faro.
Apesar dos dois produtos de higiene terem como objetivo impedir a produção de odores nas axilas, estes funcionam de modo diferente. Enquanto os desodorizantes bloqueiam os odores com substâncias (muitas vezes à base de álcool), os antitranspirantes bloqueiam os canais das glândulas sudoríparas, por onde se liberta o suor. Dessa forma, as bactérias deixam de ter a matéria-prima para produzir as moléculas que estão na origem dos maus odores.
Parabenos e sais de alumínio
As duas classes de substâncias que já foram alvo de estudos para identificar possíveis ligações com o cancro da mama são os parabenos e os sais de alumínio. Os primeiros são uma classe de conservantes usados em vários produtos de higiene, incluindo certos desodorizantes e antitranspirantes, e que podem ser absorvidos pela pele. Segundo a Sociedade Americana do Cancro (SAC), os parabenos têm propriedades semelhantes ao estrogénio – uma das hormonas femininas – embora o seu efeito seja muito mais limitado do que a hormona feminina. O estrogénio causa o crescimento e a divisão das células das glândulas mamárias. Em algumas condições o corpo fica mais sensível ao estrogénio, e há uma ligação entre esta sensibilidade e o aumento do risco de cancro da mama.
Já se encontraram vestígios de parabenos em tecido tumoral da mama. Mas a SAC argumenta que esta descoberta, feita em 2004, não concluiu nenhuma ligação entre os dois fenómenos: a presença de parabenos e o desenvolvimento do cancro. Por outro lado, o estrogénio produzido pelo corpo é centenas a milhares de vezes mais forte do que os parabenos. Além disso, os parabenos existem em muitos produtos, não ficando provado que os vestígios encontrados nos tumores eram provenientes dos desodorizantes.
Em relação aos sais de alumínio, a questão também é complexa. Os sais de alumínio englobam várias moléculas como o cloreto de alumínio e o clorohidrato de alumínio, entre outros, que são os compostos cativos dos antitranspirantes. Estes compostos alteram a fisiologia do corpo ao impedir a transpiração de se libertar das axilas por bloquearem os canais.
Segundo a SAC, há cientistas que sugerem que estes compostos podem ser absorvidos pelo corpo, causando mudanças nos recetores do estrogénio das células das glândulas mamárias e aumentando o risco de cancro.Mas a organização cita alguns trabalhos científicos que não corroboram esta ideia. Por um lado, um estudo mostrou que apenas uma pequena fração de alumínio é absorvida pela pele, há muito mais alumínio a ser absorvido na alimentação. Por outro, a quantidade de alumínio encontrado nos tecidos cancerosos é semelhante ao resto dos tecidos mamários. Tudo isto põe em causa a ideia do tecido mamário estar suscetível a desenvolver o cancro por causa da proximidade geográfica com a axila, onde se aplica o desodorizante.
Concluindo e de acordo com o dermatologista Joaquim Cabrita, até ao momento nenhuma pesquisa provou sem sombra de dúvida que desodorizantes e os antitranspirantes provocam cancro da mama. Sendo que a comunidade médica não vêmotivo para desaconselhar o uso normal destes produtos higiénicos.