A doença de Alzheimer, de instalação insidiosa e progressão lenta, afeta, primeira e predominantemente, a memória episódica, com o doente começando por ter dificuldades em lembrar-se de fragmentos recentes da sua vida (onde coloca os objetos, os recados, o que comeu no dia anterior, em que dia do mês está).
Quais os sintomas da doença de demência e de doença de Alzheimer?
As memórias mais remotas resistem melhor, mas acabam também por se perder ao longo da doença. Ao defeito de memória vão-se juntando lentamente outros sintomas característicos da doença de Alzheimer:
- Começa a haver dificuldade em reconhecer pessoas;
- O discurso torna-se cada vez mais pobre e entrecortado à procura de palavras;a orientação em espaços fica cada vez mais difícil;
- Com o tempo começam também a surgir as primeiras alterações do comportamento, sendo frequentes as alucinações visuais e a atividade delirante (o doente achar que o roubam ou perseguem), resultando em agitação e agressividade.
Este conjunto de dificuldades aumenta até ser suficiente para a pessoa deixar de viver de forma autónoma, tendo que ser ajudada em tarefas antes realizadas de forma natural como cozinhar, vestir-se, lavar-se, lidar com eletrodomésticos ou dinheiro.
De modo a generalizar um maior entendimento sobre a demência e o Alzheimer, a BBC desvendou três mitos sobre a patologia na terceira idade.
1. "A demência é inevitável"
Quanto mais velho for, mais probabilidades terá de desenvolver demência. Isso deveria ser encarado como um fato, mas não como uma regra. A demência pode manifestar-se de diversas maneiras, como resultado de uma doença de Alzheimer ou de um acidente vascular cerebral, por exemplo, que fazem com que percamos habilidades cognitivas e funcionais.
Porém, menos de 2% dos adultos entre 65 e 69 anos possuem algum tipo de demência. Esse índice sobe para 30% para pessoas acima dos 90 anos; mas, apesar desse salto parecer ser bastante alto, não é um indicativo de que você realmente desenvolverá alguma demência quando chegar a essa idade. Sem contar, é claro, que até lá poderão ser inventados novos medicamentos que diminuam as chances de isso acontecer.
2. "É impossível diminuir o risco da demência"
Acredita-se que 30% dos casos de demência em todo o mundo são resultados de nosso estilo de vida. Fatores como o diabetes, a obesidade, a falta de atividade física e a hipertensão arterial ajudam a desenvolver alguns tipos de demência quando chegarmos à velhice.
Portanto, é primordial que comece o quanto antes a adotar hábitos mais saudáveis. Nas últimas duas décadas, estudos com idosos dos EUA e da Europa mostram que o risco individual de demência tem decrescido, principalmente porque os idosos de hoje estão mais ativos fisicamente do que as gerações anteriores.
3. "Se os meus pais tiverem demência, eu também terei"
A demência tardia, ou seja, que ocorre após os 65 anos, é influenciada apenas ligeiramente pela genética. Na verdade, existem nove genes que aumentam ou diminuem os risco de desenvolver a demência, mas apenas um deles tem real influência: a apolipoproteína E. Se tem uma combinação de alelos E4E4, então tem 15 vezes mais probabilidade de desenvolver algum problema mental do que quem tem uma combinação E3E3.
Já os outros genes têm um pequeno efeito, na casa dos 20%, de influenciarem o diagnóstico. A obesidade, por exemplo, pode aumentar a chance de demência em até 60%, enquanto o sedentarismo pode elevar os riscos em até 80%. Isso mostra que, apesar de os genes terem, sim, uma parcela de 'culpa', o principal vilão é o seu estilo de vida - que pode sem duvida alguma ser alterado!