Portugal conta com o maior número de mortes por cancro do estômago da União Europeia, e é o sexto país a nível mundial. A região norte é a mais afectada pela doença, concentrando a taxa mais elevada da UE, como revela a rede de hospitais CUF.
Esta doença oncológica afecta mais homens que mulheres e tende a surgir após a quinta década de vida.
O que causa cancro no estômago
Sexo
De facto, os homens têm um risco duas vezes maior de desenvolver cancro gástrico do que as mulheres, o que pode ser explicado por dados preliminares que sugerem que as hormonas têm um papel protetor contra a doença.
Excesso de sal
Dados também sugerem que elevada ingestão de sal é importante na etiologia do cancro gástrico, principalmente se a exposição ocorrer desde o início da vida.
O sal proveniente de alimentos em conserva, carne processada, produtos de charcutaria e peixe salgado danifica a mucosa estomacal e aumenta a suscetibilidade ao tumor.
Substâncias nitrosas
O contacto com componentes nitrosos provenientes de alimentação, fumo e fontes ambientais, os quais reduzem a acidez do estômago e aumentam a chance de lesões pré-cancerosas.
Carnes processadas
Em 2015, a Agência Internacional de Pesquisa sobre Cancro da Organização Mundial de Saúde (IARC) concluiu que há uma associação positiva entre o consumo de carne processada (salsichas, bacon, presunto, carne seca e outras carnes defumadas, salgadas, fermentadas ou curadas) e cancro do estômago, sendo esses alimentos classificados como substâncias cancerígenas do grupo 1, a mesma categoria de risco para cancro que o amianto, tabaco e álcool.
Obesidade, fumo e álcool
Outros fatores ambientais, como a obesidade, o uso de tabaco e o álcool, também estão associados ao risco aumentado para desenvolver cancro gástrico.
Agentes ocupacionais
A exposição a agentes ocupacionais, como os do setor de mineração de carvão, processamento de metais (aço e ferro) e indústrias de fabricação de borracha, também são fatores de risco importantes.
Bactérias e vírus
Infeções causadas pela bactéria Helicobacter pylori e o vírus Epstein-Barr estão associadas a um risco mais elevado de aparecimento de cancro do estômago.
Acredita-se que a infeção pelo H. pylori desencadeie uma inflamação na mucosa que resulta em modificações progressivas do revestimento do estômago.
Já o vírus Epstein-Barr, conhecido como causa da mononucleose infecciosa, foi inicialmente associado ao cancro gástrico num estudo realizado na Coreaia, no qual foram encontradas provas em células tumorais de pacientes. Desde então, estima-se que 5% a 10% dos tumores gástricos em todo o mundo estejam associados a esse vírus.
Outras causas
Outros fatores que podem estar associados são genéticos, pólipos gástricos, úlceras, anemia perniciosa e síndromes de imunodeficiência.
Como identificar?
Os estágios iniciais do cancro do estômago podem ser assintomáticos. Na ocorrência de sintomas, os mais comuns são emagrecimento, dor abdominal, dificuldade de deglutição, ausência de apetite, náusea e indisposição.
O diagnóstico é obtido por via da realização de uma endoscopia, exame que permite a visualização direta do estômago e a análise de biopsias de lesões cancerosas ou pré-cancerosas, como atrofia gástrica, metaplasia intestinal ou displasia gástrica.
O tratamento da doença é cirúrgico e associado ou não à quimioterapia e radioterapia. A escolha será determinada de acordo com as características microscópicas e a extensão (estadiamento clínico e patológico) do tumor, além da idade dos pacientes e possíveis efeitos adversos esperados.