Muito além das alucinações. Esquizofrenia: O que é e 8 sintomas

A esquizofrenia é uma doença psiquiátrica grave, crónica e incapacitante, muitas vezes incorretamente descrita como 'desdobramento de personalidade'.

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Liliana Lopes Monteiro
12/11/2019 18:34 ‧ 12/11/2019 por Liliana Lopes Monteiro

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Sintomas de esquizofrenia

Trata-se de uma doença do cérebro que afeta de forma grave a forma de pensar da pessoa, a sua vida emocional e o seu comportamento em geral, segundo informações divulgadas pela rede de hospitais CUF.

Para lá do doente em si, todos o que o rodeiam sofrem com a patologia, dadas as dificuldades de relacionamento social, familiar e profissional que ela provoca.

Os doentes com esquizofrenia raramente são violentos, embora os delírios de perseguição e o uso de drogas aumentem esse risco. Quando a violência ocorre atinge, geralmente, os membros da família e ocorre dentro de casa.

O risco de suicídio é significativo; cerca de 10% destes doentes, sobretudo os adultos jovens do sexo masculino, morrem por suicídio.

Incidência de esquizofrenia

Em Portugal, no Censo Psiquiátrico de 2001, as esquizofrenias foram, no conjunto dos internamentos, das consultas e das urgências, as doenças mais frequentes (21,2%), sendo a principal causa de internamento e a terceira nas consultas.

A esquizofrenia atinge cerca de 1% da população e tende a manifestar-se no final da adolescência. Embora não faça distinção entre sexos, raças ou culturas, as populações mais afetadas são as rurais e os grupos sociais com baixo nível socioeconómico e cultural.

O aparecimento da doença é mais precoce em indivíduos do sexo masculino (entre os 15 e os 25 anos) e mais tardio em pessoas do sexo feminino (entre os 25 e os 30 anos). É uma doença que raramente ocorre depois dos 45 anos.

Como se manifesta a esquizofrenia?

De acordo com o hospital CUF sintomas são muito diversos e complexos e, de um modo geral, traduzem uma perda de contacto com a realidade.

Alucinações

As alucinações auditivas, visuais ou olfativas são comuns. O doente esquizofrénico frequentemente está convicto de que os outros conseguem ler os seus pensamentos, controlá-los ou que desejam fazer-lhe mal. Essa convicção aterroriza o paciente que tende a afastar-se ou a ficar muito agitado.

Discurso confuso

O discurso do doente com esquizofrenia muitas vezes não faz sentido e pode ser interrompido subitamente a meio de uma frase. Os pensamentos tendem a ser muito desorganizados.

Alterações dos movimentos

Ocorrem também alterações dos movimentos, podendo o paciente ficar sentado durante horas sem se mover ou falar, ou repetir certos movimentos vezes sem conta.

Noutras ocasiões, o doente parece estar perfeitamente bem.

Alguns sintomas de esquizofrenia são mais vagos e, por isso, difíceis de detetar como, por exemplo:

- ausência de expressão na voz ou no rosto enquanto o paciente fala;

- ausência de prazer nas atividades diárias;

- incapacidade de iniciar e manter as tarefas planeadas;

- dificuldade de compreender informação, de tomar decisões ou de se manter concentrado;

- incapacidade de usar uma informação imediatamente depois de a ter aprendido.

Causas

A genética é importante para a esquizofrenia. Embora a doença afete cerca de 1% da população, ela atinge 10% das pessoas que têm um familiar em primeiro grau com esquizofrenia.

Pensa-se que, em muitos casos, é necessária uma interação entre a genética e o meio ambiente para que a doença se possa desenvolver, embora essas interações sejam ainda pouco conhecidas.

Outra causa possível é um desequilíbrio químico a nível cerebral, no que diz respeito aos neurotransmissores dopamina e glutamato. Estas substâncias permitem que diferentes áreas do cérebro comuniquem entre si e, como tal, o seu equilíbrio é fundamental.

Foram também identificadas diferenças na estrutura cerebral de doentes com 52 esquizofrenia que podem ocorrer durante o desenvolvimento do cérebro e que apenas se manifestam na puberdade.

Tratamento

A CUF explica que o tratamento da esquizofrenia incide na eliminação dos sintomas e passa pela utilização de medicamentos e pela psicoterapia.

Existem diversos medicamentos antipsicóticos disponíveis, devendo o médico psiquiatra selecionar o mais apropriado para cada caso. Alguns destes medicamentos apresentam efeitos secundários importantes e devem ser cuidadosamente vigiados.

Cada doente responde de modo diferente ao tratamento e, com frequência, é necessário testar diversos medicamentos e diversas doses. É muito importante nunca interromper ou parar o tratamento sem indicação médica.

A psicoterapia é útil nos doentes já estabilizados, ajudando-os a reintegrarem-se nas suas atividades diárias.

 

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