Enquanto na maioria das vezes eles sentem uma dor aguda no peito, elas recebem sinais não tão óbvios — como uma simples indigestão ou dor nas costas. No entanto, uma pesquisa recente, publicada no Journal of the American Heart Association, parece provar justamente o contrário.
No estudo, os cientistas avaliaram os sintomas de 1941 pacientes (dos quais 39% eram mulheres) que deram entrada na emergência do Royal Infirmary of Edinburgh, um hospital na Escócia. Todos os doentes estavam com sinais claros de síndrome coronária aguda — um termo genérico para situações em que o fornecimento de sangue para o coração foi subitamente bloqueado.
Sintomas de ataque cardíaco
Os investigadores decidiram dividiram os sintomas de ataque cardíaco em dois grupos: típico ou atípico. Os sintomas típicos incluíam dores no peito, braços e mandíbula. Além de uma certa pressão, aperto ou esmagamento nessas regiões. Também foram considerados sintomas típicos: náusea, vómitos, sudorese, falta de ar ou palpitações.
Já a dor atípica incluía a presença de dor nas costas, dor epigástrica (azia), ardor no estômago ou indigestão.
Resultados
A descoberta? A dor no peito foi o sintoma mais comum em ambos os sexos. Cerca de 93% dos homens e mulheres queixaram-se da mesma sensação.
Apesar da crença popular, os homens foram os que mais experienciaram sintomas de ataque cardíaco atípicos. Nomeadamente 41% de homens contra 23% de mulheres. E elas foram as que mais tiveram os típicos (35% contra 22% deles), como náuseas (34% versus 22%), dor na mandíbula (28% versus 20%) ou nas costas (31% versus 17%).
Ambos os sexos têm menos probabilidade de ter sintomas de ataque cardíaco na região dos braços: 36% das mulheres e 31% dos homens.
De acordo com Amy Ferry, principal autora do estudo, três coisas diferenciam esta pesquisa das anteriores.
Primeiro, os diagnósticos de ataques cardíacos foram baseados nas diretrizes mais recentes sobre o assunto. Se fossem as diretrizes anteriores, apenas uma em cada três mulheres entraria no estudo, o que significa que muitas não seriam incluídas.
Amy e os seus colegas usaram apenas os sintomas relatados pelos pacientes antes de serem oficialmente diagnosticados com um ataque cardíaco. E não recolheram os dados dos relatórios médicos. “Isso garantiu que os sintomas fossem registados conforme o paciente os descrevia. E que não fossem submetidos à interpretação do médico avaliador, ou então traduzidos para terminologia médica”, disse Ferry. Ou seja, os sintomas de ataque cardíaco que os pacientes tiveram não foram influenciados por diagnósticos posteriores.
Terceiro, o estudo incluiu uma ampla amostra de pacientes com suspeita de ataque cardíaco. “Estudos que se baseiam em populações com ataques cardíacos já confirmados correm o risco de excluir muitos sintomas”, disse Amy.
Conclusões
No entanto, isso não quer dizer que se homens e mulheres experimentam sintomas de ataque cardíaco diferentes dos descritos no estudo, que estes não sofrerão um enfarte.
“O enfarte pode apresentar muitos sintomas diferentes tanto em homens quanto em mulheres”, explicou Amy. “O mais comum é dor no peito, mas também pode ocorrer incómodo nos braços, pescoço, costas ou mandíbula. Além disso, alguns pacientes podem sentir náuseas, vómitos, sudorese, falta de ar ou palpitações".
Desses pacientes, 284 (90 mulheres e 184 homens) foram oficialmente diagnosticados com enfarte do miocárdio NSTEMI. Trata-se do tipo mais comum de enfarte, e ocorre quando a artéria coronária fica parcialmente entupida.