Pela primeira vez em quase vinte anos, uma nova cepa do vírus VIH, causador da SIDA, foi descoberto por cientistas. A pedido da gigante norte-americana da área de saúde Abbott, uma equipa de investigadores encontrou um subtipo até então desconhecido do vírus que pode ajudar a conter futuros surtos e a planear novas formas de tratamento. A Organização mundial de Saúde (OMS) estima que globalmente mais 37 milhões estejam infetadas com VIH.
O estudo que disseca a descoberta foi publicado no periódico científico JAIDS (Journal of Acquired Immune Deficiency Syndromes). O novo subtipo encontrado pertence ao grupo M do HIV. Este é apenas um dos quatro grupos em que se subdivide o vírus. A nova cepa foi apelidada de 'L' e junta-se a outras dez cepas já catalogados pela comunidade científica.
A primeira amostra do subtipo L foi identificada ainda na década de 80. Na época, no entanto, ainda era praticamente impossível sequenciar genomas. Além disso, a pequena quantidade de material reunida dificultava ainda mais a análise.
Atualmente, contudo, a tecnologia para esse processo é muitíssimo avançada, permitindo que cientistas realizem sequenciamentos completos de forma rápida e barata. Assim, em 2019, o subtipo L pôde finalmente ser estudado a fundo.
Agora identificada, a estirpe será acompanhada de perto por médicos e especialistas do mundo todo, o que pode ajudar a conter novas pandemias virais. Adicionalmente, surge a possibilidade de, no futuro, ser possível criar novos medicamentos e até mesmo vacinas com base no estudo da estirpe.
A descoberta é fruto de um programa da Abbott que já dura 25 anos e que tem como objetivo monitorizar o VIH e o vírus da hepatite.
Conforme afirmou Mary Rodgers, bióloga chefe do Programa Global de Vigilância Viral da Abbott e cientista principal do estudo, à publicação VEJA: “Graças aos esforços da comunidade global da área da saúde nas últimas décadas, a meta de acabar com a pandemia do VIH está a tornar-se atingível”.