O suicídio é um tema extremamente relevante e urgente, contudo a abordagem sobre como se deve discutir o assunto ainda gera muitas incertezas e desacordo entre os especialistas de saúde mental.
Consequentemente, o modo como a popular série ‘13 Reasons Why’ retratou o suicídio gerou polémica não só nos Estados Unidos, mas em virtualmente todos os países onde foi exibida.
Como aponta a revista Galileu, a série chegou a ser alvo de estudos científicos que analisaram o seu impacto na sociedade. Um deles publicado em 2019 pelo professor e médico Jeff Bridge, PhD em Epidemiologia pela Universidade de Pittsburgh (EUA), apontou uma relação entre a divulgação da série e o aumento dos casos de suicídio nos Estados Unidos. Todavia, uma nova pesquisa refuta essa observação.
O líder da pesquisa, Dan Romer, do Annenberg Public Policy Center da Universidade da Pensivânia, publicou no periódico científico PLOS ONE uma nova análise do estudo anteriormente divulgado por Bridge e outros investigadores, diz a Galileu. Depois de examinar novamente as variáveis no aumento de suicídio entre adolescentes nos anos recentes, Romer apurou que o crescimento do número desses casos entre adolescentes nos três meses após a estreia de ‘13 Reasons Why’ não mostrou ser mais notória, contrariamente ao que havia sido sugerido pelo estudo anterior. Adicionalmente, o cientista afirmou que o crescimento desse valor teve início um mês antes da estreia da série, o que torna ainda mais improvável a correlação direta da produção da Netflix a esses casos.
Em março de 2017, nos nove meses após o lançamento de ‘13 Reasons Why’, Bridge e a equipa de investigadores haviam detetado 195 mortes por suicídio adicionais em crianças e adolescentes dos 10 a 17 anos. Porém, os investigadores não registaram um aumento semelhante entre raparigas da mesma idade. "Se formos culpabilizar a série, então o contágio deveria ser mais veemente entre raparigas e não nos rapazes, porque a série foca-se no suicídio de uma adolescente que frequenta o secundário", contestou Romer. "Ademais, a análise anterior não levou em conta as fortes tendências seculares em temos de suicídio, especialmente entre rapazes de 2016 a 2017”.
Adicionalmente ao estudo levado a cabo por Bridge, uma outra pesquisa publicada na revista académica JAMA Psychiatry havia apontado um efeito negativo da série entre rapazes e raparigas de 10 a 19 anos nos três meses após a estreia na Netflix. Romer refutou igualmente essas conclusões argumentando que também foram formuladas tendo como base uma falha no exame das tendências seculares de suicídio.
Serviços telefónicos de apoio emocional e prevenção ao suicídio em Portugal:
SOS Voz Amiga (entre as 16h e as 24h) - 800 209 899 (Número gratuito)
Conversa Amiga (entre as 15h e as 22h) - 808 237 327 (Número gratuito) e 210 027 159
SOS Estudante (entre as 20h e a 1h) - 239 484 020
Telefone da Esperança (entre as 20h e as 23h) - 222 080 707
Telefone da Amizade (entre as 16h e as 23h) – 228 323 535