Os investigadores que participaram na pesquisa afirmaram à BBC News que, nos últimos 200 anos, a temperatura do corpo humano tem vindo a diminuir de forma "substancial e contínua".
"A nossa temperatura não é a que as pessoas imaginam", diz Julie Parsonnet, professora de medicina da universidade e co-autora do estudo, à BBC.
Esta nova pesquisa afirma que desde 1800 a temperatura corporal tem vindo a decrescer gradual e constantemente a cada década.
Conforme os investigadores, os homens nascidos nos anos 2000 têm uma temperatura 0,59° C mais baixa do que os nascidos no século XIX.
Já as mulheres que nasceram no fim do século XX e no início do século XXI têm uma temperatura corporal 0,32° C menor, relativamente às que nasceram nos anos 1800.
A ideia de que a temperatura padrão do corpo humano seria de 37° C foi difundida pela primeira vez em 1851 pelo médico alemão Carl Reinhold August Wunderlich. Estudos mais recentes, no entanto, já haviam questionado esse conceito.
Um deles, por exemplo, analisou a temperatura corporal de 25 mil britânicos — e descobriu que a média era de 36,6 °C.
Na nova pesquisa, Parsonnet e a sua equipa analisaram os registos de temperatura de mais de 677 mil pessoas nascidas entre 1800 e o final dos anos 1990 nos Estados Unidos. A análise mostrou que, a cada década nesse período, a temperatura do corpo humano caiu 0,03° C.
Isso significa que, em média, a temperatura corporal é hoje 1,6% menor que na era pré-industrial.
Por que estamos a arrefecer?
Os investigadores argumentam que a diminuição da temperatura está associada à diminuição da taxa metabólica, ou seja a quantidade de energia que o corpo humano usa para funcionar.
Para os autores o motivo desta redução deve-se sobretudo às inflamações que ocorrem no organismo.
"Uma inflamação produz proteínas que aceleram o metabolismo e aumentam a temperatura", explica Parsonnet. Segundo os cientistas, a menor incidência de inflamações pode estar relacionada ao facto de que, nos últimos 200 anos, os tratamentos médicos e os hábitos de higiene melhoraram significativamente.
Os cientistas também indicam que viver em ambientes menos variáveis pode ter diminuído a taxa metabólica.