Há novidades sob a égide da linha experimental de vinhos da Real Companhia Velha. Falamos da marca ‘Séries’, que por agora nos apresenta a segunda edição do ‘Malvasia Preta’ e do ‘Tinto Cão’, ambos da colheita de 2016, ano que resultou em vinhos elegantes, aromáticos e muito frescos.
Quem conhece o árduo trabalho de investigação e inovação desta bicentenária ‘vinícola’ está, por certo, ansioso por provar estes que são tintos [com um perfil marcadamente] de hoje, feitos com castas autóctones de outros tempos, meticulosamente recuperadas pela equipa de viticultura – composta por Álvaro Martinho Lopes, Rui Soares e Sérgio Soares – e vinificadas sob a batuta do enólogo Jorge Moreira. Pequenos projectos que reflectem o conhecimento do terroir aliado às características singulares destas variedades.
Nunca é demais reforçar que Real Companhia Velha tem sido, ao longo dos anos, pioneira na recuperação de desconhecidas castas autóctones – grande parte já em extinção –, plantadas nas suas cinco Quintas, todas elas situadas em pleno coração do Douro vinhateiro. Nos dois casos em questão, as uvas têm origem na emblemática a Quinta das Carvalhas.
Exclusiva ‘série’ de 600 garrafas de Malvasia Preta
Mesmo sendo uma das mais antigas castas do Douro, estando presente entre as Vinhas Velhas, foi pelas mãos da Real Companhia Velha que ganhou, pela primeira vez, forma na garrafa, ao ser vinificada em estreme. O crédito foi-lhe dado por ser uma variedade de uva bastante resistente às agrestes condições da região. A fermentação do ‘Real Companhia Velha Séries Malvasia Preta tinto 2016’ decorreu em pequenas cubas de inox com controle de temperatura, estagiando, depois, em barricas usadas de carvalho francês por oito meses. Um tinto singular e elegante, que surpreende pela sua cor aberta. No nariz, salientam-se notas de fruta preta e cítrica, complexadas com nuances apimentadas, num perfil aromático muito intenso e fresco. O palato encarrega-se de afirmar a sua elegância na estrutura e corroborar a intensidade, agora na boca. Revela um tanino fino e um final de prova longo e persistente.
PVP: €17,00 • Garrafas: 600 • Álc.: 14,0 % • Acidez Total: 4,60 g/l • pH: 3,64.
© Gonçalo Villaverde
Tinto Cão: a expressão e o carácter do Douro
Ao contrário da Malvasia Preta, o Tinto Cão é uma casta já bastante trabalhada (e apreciada) pela nova geração de viticultores do Douro, pela sua adaptabilidade, resistência e baixa produtividade, mas também porque permite uma abordagem tradicional no processo de vinificação: em lagares de pedra com a tradicional pisa a pé, seguindo-se um estágio em barricas – neste caso de carvalho francês (15% em madeira nova) durante 18 meses. À semelhança do de 2015, o ‘Real Companhia Velha Séries Tinto Cão 2016’ é um tinto de grande expressão e carácter, com uma enorme complexidade aromática e rusticidade, com aromas de frutos vermelhos e sugestões herbáceas. No nariz, denota um perfil distinto e encantador. Na boca, mostra-se rústico, com tanino presente, mas delicado e com um perfil elegante; apresenta nuance vegetal no meio da boca, resultado da sua fermentação com 30% de engaço. O final de prova é muito longo e persistente.
PVP: €17,00 • Garrafas: 2400 • Álc.: 13,5 % • Acidez Total: 5,2 g/l • pH: 3,65.