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Diagnóstico de cefaleias em salva ('dores de cabeça suicida') leva 5 anos

No âmbito do Dia Internacional das Cefaleias em Salva que se assinala amanhã, dia 21 de março, a Associação Portuguesa de Doentes com Enxaqueca e Cefaleias, MiGRA Portugal, alerta para o impacto desta patologia.

Diagnóstico de cefaleias em salva ('dores de cabeça suicida') leva 5 anos
Notícias ao Minuto

15:10 - 20/03/20 por Liliana Lopes Monteiro

Lifestyle Dia Internacional das Cefaleias em Salva

As cefaleias em salva são um tipo de cefaleia primária rara e extremamente dolorosa de dor de cabeça que atingem uma a duas pessoas em cada mil. Também conhecida como a 'dor de cabeça suicida' é caracterizada por uma dor extremamente forte descrita pelas pessoas como as dores mais fortes que já sentiram em qualquer ocasião das suas vidas. Apesar da dor que as cefaleias causam, o seu diagnóstico é arrastado durante vários anos e demora, em média, cinco anos.

Madalena Plácido, presidente da associação MiGRA Portugal refere “as cefaleias em salva não são apenas uma dor de cabeça muito forte e que passam com um simples medicamento para a dor. As cefaleias em salva são dores inimagináveis e desesperantes, em que durante os períodos de crise muitos doentes têm pensamentos suicidas e ficam extremamente agitados, existindo mesmo casos em que os doentes acabam por se infligir danos, como bater consecutivamente na cabeça ou bater com a cabeça na parede, tal é o desespero. É necessário um diagnóstico mais precoce e um tratamento adequado tanto durante as crises, como para evitar os períodos de crise. É importante que estas pessoas falem com um médico sobre os seus sintomas”.

Os doentes que sofrem com cefaleias em salva têm, em média, um a dois ciclos de crises por ano, podem ter uma duração de sete dias a um ano e são separadas por períodos sem dor com a duração de um mês ou mais. Estas crises ocorrem em ciclos, normalmente regulares, e surgem predominantemente durante a noite, podendo surgir uma crise todos os dias à mesma hora durante vários dias ou meses. Devido ao seu padrão cíclico, muitos doentes apresentam ciclos de crises sempre na mesma estação do ano, sendo mais comuns no outono e primavera. Quando estas ocorrem, as pessoas sentem um grande impacto na sua qualidade de vida, tanto do ponto de vista social, como profissional uma vez que têm de parar as suas atividades durante uma crise de cefaleias em salva. Apesar de todo o impacto, ainda demoram cerca de cinco anos a serem diagnosticados.

As cefaleias em salva caracterizam-se por ser um tipo muito raro e intenso de dor, os doentes ficam habitualmente muito agitados devido à dor extrema. Atingem apenas um lado da cabeça na zona do olho (zona orbital) e podem persistir num intervalo de tempo de 15 minutos a 3 horas. A dor é usualmente acompanhada outros sintomas, apenas no lado onde é sentida a dor, tais como: lacrimejo de um olho, queda de uma das pálpebras superiores, olho vermelho, pupila pequena e pingo do nariz.

“Os doentes têm de reconhecer os seus sintomas para serem diagnosticados pelos especialistas mais rapidamente e conseguirem obter o tratamento adequado de modo a poderem viver mais tranquilamente e com menos crises. É ainda necessário que os profissionais de saúde estejam alerta para estes sintomas, para que as cefaleias em salva sejam devidamente diagnosticadas e os doentes possam iniciar um tratamento adequado. É por isto que a MiGRA Portugal, trabalha todos os dias, em conjunto com a European Migraine & Headache Alliance, da qual faz parte”, acrescenta a presidente da MiGRA Portugal.

A classificação internacional de Cefaleias inclui 14 grandes tipos de Cefaleias, as quais se subdividem em cerca de 200 subtipos diferentes, entre as quais as cefaleias de tensão, a enxaqueca e as cefaleias em salva. As cefaleias em salva manifestam-se geralmente, entre os 20 e os 40 anos de idade e afetam mais homens do que mulheres.

Embora ainda não sejam muito conhecidas as causas destas cefaleias, sabemos que elas são mais frequentes em pessoas que consumem álcool ou tabaco. As alterações dos padrões de vida (stress, sono ou alteração do padrão de atividade física) foram identificados como desencadeadores de cefaleias em salva. Para quem vive com cefaleias é muito importante manter a sua rotina diária o mais regular possível, sem exageros que possam despoletar crises.

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