A situação é difícil para as crianças e adolescentes, mas também é muito desafiante para os pais e cuidadores, que estão a tentar organizar a nova rotina familiar. Frequentemente eles próprios em teletrabalho, vêem-se confrontados com a necessidade de apoiar as crianças e adolescentes no estudo, garantindo que continuam a aprender. "É normal que os pais e cuidadores se sintam ansiosos, preocupados e perdidos, sem saber exactamente o que fazer e como ajudar", refere o documento.
A pensar nos pais mais desanimados ou cansados, que se sintam culpados ou incapazes, a OPP criou um guia com estratégias de adaptação e algumas recomendações, que se apoiam numa rotina equilibrada para todos.
Tolerância e flexibilidade são palavras de ordem neste processo, que envolve antes de mais que o progenitor cuide de si próprio, depois planeie e organize uma nova rotina e, por fim, acompanhe o estudo.
Cuidar de si próprio. O primeiro passo é perceber a importância de contribuir para a segurança de todos com o isolamento, e que este pode ser encarado também como uma oportunidade de estar mais tempo em família. Com isto em mente, é necessário manter a tranquilidade, com expectativas realistas em relação ao próprio teletrabalho (se for o caso), interiorizar o facto de não ser professor dos seus filhos e por fim, no meio de tudo, encontrar tempo para si próprio.
Planear uma nova rotina. "Em conjunto com a criança/adolescente construam um horário semanal que inclua tempos dedicados ao estudo, lazer, relaxamento e redes sociais (…) e os fins de semana devem ser dedicados, sobretudo ao descanso e às actividades de lazer", começa por aconselhar o documento. Outros aspectos a serem considerados são a importância dos momentos de intervalo, o enquadramento do estudo na rotina familiar, a flexibilidade em caso de ser necessário ajustar os planos e ter diferentes zonas para estudo e lazer.
Acompanhe o estudo. A base fundamental é promover o estudo autónomo e tentar ser apenas como um tutor que mostra o caminho e motiva. Os pais devem acompanhar o estudo (e não estudar pelos filhos, promovendo a capacidade de auto-regulação e as competências de organização e de estudo. É preciso ter em atenção a adaptação porque há muitos recursos, materiais, ideias, actividades e plataformas. Deve-se ir ajustando a carga de trabalho proposta à criança e às circunstâncias, e focar-se na qualidade (e não na quantidade), estabelecendo objectivos realistas. Sempre que possível (e for merecido), deve-se elogiar os sucessos e as conquistas.
É importante ter em mente que ninguém exige perfeição e que cabe aos pais/cuidadores mostrarem que este momento difícil pode se transformar num contributo importante para a autonomia e auto-regulação das crianças e adolescentes.