Covid-19. Respirar fora do corpo, técnica que salva vidas e 'ressuscita'

Pode parecer um tratamento retirado de filmes de ficção científica já que se trata de uma máquina que aspira o sangue e o oxigena previamente antes de devolvê-lo ao corpo quando os pulmões ou o coração falham.

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Liliana Lopes Monteiro
16/04/2020 09:35 ‧ 16/04/2020 por Liliana Lopes Monteiro

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Covid-19

Todavia, e conforme explica uma reportagem divulgada pela BBC News Mundo, a oxigenação por uma membrana extracorpórea (ECMO) é uma técnica inovadora da medicina moderna à qual os médicos estão cada vez mais a recorrer devido à pandemia da Covid-19

"Trata-de de uma opção de último recurso", afirmou à BBC Jordi Riera, médico da Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário Vall d'Hebron, em Barcelona, Espanha.

"Mas sem dúvida alguma que este tratamento será aplicado com mais frequência em pacientes com pneumonia por Covid-19, comparativamente a outras situações", refere o diretor do programa ECMO do mesmo hospital. 

Vall d'Hebron espantou o mundo ao mostrar as surpreendentes possibilidades do procedimento em dezembro de 2019, quando o utilizou para ressuscitar uma mulher cujo coração havia parado de bater durante mais de seis horas.

De acordo com o hospital, até ao momento pelo menos 10 pacientes com Covid-19 já foram salvos pela respiração extracorpórea

Entretanto, o registo da Organização para o Suporte Vital Extracorpóreo (ELSO) regista 160 casos de ECMO em doentes com Covid-19 em todo o mundo. 

Sangue oxigenado

A ECMO usa uma máquina equipada com uma bomba centrífuga, que se encarrega de movimentar o sangue, e um oxigenador que usa uma membrana de polimetilpenteno "para separar o sangue do gás, neste caso do oxigénio", explica Riera.

"O aparelho acrescenta oxigénio e retira o CO2, remover dióxido de carbono", resume o clínico. 

Inicialmente, o dispositivo é ligado ao doente através de dois acessos: um usado para extrair o sangue e outro, para introduzi-lo novamente no sistema circulatório após a passagem pelo oxigenador.

Por sua vez, e dependendo de onde estiver conectado esse segundo acesso, pode ser fornecida assistência respiratória - se conectada a uma veia - ou mesmo assistência cardiorrespiratória quando inserida numa artéria. 

O procedimento, que começou com o uso principalmente em bebés e recém-nascidos, é de facto um dos favoritos de cirurgiões cardíacos.

"Nesta pandemia usamo-la quando o pulmão já não funciona", explica Riera. "É um contexto muito particular, muito claro, que é a pneumonia por Covid: o paciente não oxigena e aí aplicamos-lhe o aparelho". 

Contudo o médico, alerta que tratamento tem imperativamente de ser utilizado com parcimónia.

"É um tratamento complexo, invasivo e associado a complicações que podem ser bastante significativas. É um último recurso a ser usado quando a questão que se impõe é - 'como vamos salvar este doente?'", conclui. 

Leia Também: Covid-19: Como funcionam os ventiladores e porque é que salvam vidas

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