No mês passado, um grupo de especialistas franceses do hospital La Pitié-Salpêtrière afirmou que a nicotina pode proteger contra a Covid-19, especialmente em casos mais graves, atenuando a reação imunitária excessiva do organismo. A teoria gerou controvérsia já que é sabido que os fumadores que contraem o vírus têm maior probabilidade de desenvolver uma forma grave da doença.
O caso parecia esquecido, mas este domingo o The Guardian anunciou que um grupo de médicos do País de Gales também planeiam investigar o potencial dos adesivos de nicotina no combate à Covid-19.
"Vimos a pandemia vinda da China e, depois, as horríveis histórias de Itália, então, estávamos a fazer a nossa própria pesquisa, analisando o maior número de artigos possível", disse Jonathan Davies, do hospital Royal Glamorgan, onde os médicos rotineiramente distribuem adesivos de nicotina a pacientes com coronavírus e fumadores.
O resultado foi um pequeno artigo publicado no British Medical Journal, que afirma que, pelo menos em fumantes crónicos, as lesões pulmonares nos infectados com Covid-19 estavam a ser exacerbadas pela retirada da nicotina. O estimulante aditivo pode interferir na produção de elementos que levam à inflamação, dizem os autores. “Claro, todas as pessoas deveriam deixar de fumar. Se é fumador, corre o risco de ter todas as complicações secundárias se o vírus persistir ”, esclarece Davies. Porém, sugere que nesses casos a nicotina poderia ser usada como complemento.
Segundo a professora Judith Hall, da Cardiff University, a ideia é interessante, embora seja difícil provar o seu valor. "Obviamente, iniciar testes é um processo complicado e demorado, mas precisamos de tentar avançar com novas ideias o mais rapidamente possível nesta crise", disse.
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