Vestígios do SARS-CoV-2 foram encontrados, recentemente, em embalagens na China, mais concretamente em remessas de camarão congelado e asas de frango congeladas vindas da América do Sul, relata a BBC.
A situação levanta novamente questões sobre se o novo coronavírus pode ser transmitido por meio de embalagens de alimentos.
Em teoria, pode ser possível ficar infetado com a Covid-19 a partir da embalagem de alimentos. Estudos laboratoriais mostraram que o vírus pode sobreviver durante horas, senão dias, em alguns materiais - principalmente papelão e vários tipos de plástico. Além do mais, o vírus é mais estável em temperaturas mais baixas, o que corresponde à forma de de alimentos transportados.
No entanto, alguns cientistas questionaram se esses resultados poderiam ser replicados fora do laboratório. Segundo o professor da Universidade de Leicester, Julian Tang, no mundo exterior, as condições ambientais mudam rapidamente, o que significa que o vírus pode não sobreviver por tanto tempo.
A acrescentar, o professor de microbiologia na Rutgers University, Emanuel Goldman, também apontou que os estudos de laboratório usaram amostras de até 10 milhões de partículas virais, enquanto que o número de partículas virais em - por exemplo - uma gota espirrada numa superfície, provavelmente será apenas cerca de 100. "Na minha opinião, o risco de transmissão através de superfícies inanimadas é muito pequena, e apenas nos casos em que uma pessoa infetada tosse ou espirra na superfície e outra pessoa toca nessa superfície logo após (dentro de uma a duas horas)", escreveu na Lancet, em julho.
Assim, ainda que seja possível um infeção por meio de embalagens, esta não é considerada a principal forma de propagação do vírus. De facto, a Organização Mundial de Saúde diz que "não há atualmente nenhum caso confirmado de Covid-19 transmitido por alimentos ou embalagens de alimentos". As autoridades afirmam, então, não existir necessidade de desinfetar as embalagens dos alimentos, mas “as mãos devem ser bem lavadas após manusear as embalagens dos alimentos e antes de comer”.
