Sim, leu bem. Amostras de fezes medievais podem ajudar a ciência a entender a saúde intestinal atual - e apontar como as mudanças na dieta contribuíram, ao longo do tempo, para certas doenças intestinais, alergias e obesidade.
O estudo, publicado esta segunda-feira na revista Philosophical Transactions da Royal Society B, detalha pesquisas conduzidas em Jerusalém, Israel e em Riga, na Letónia.
Os investigadores examinaram latrinas dos séculos XIV e XV de ambas as cidades para comparar um microbioma moderno com o dos nossos ancestrais.
“Se quisermos determinar o que constitui um microbioma saudável para as pessoas modernas, devemos começar a olhar para os microbiomas dos nossos ancestrais que viveram antes do uso de antibióticos, 'fast food' e outras armadilhas da industrialização”, disse um dos investigadores, Piers Mitchell, da Universidade de Cambridge, citado pelo Post.
A arqueóloga Susanna Sabin, aluna de doutoramento do Instituto Max Planck, na Alemanha, comparou o ADN da latrina com o de outras fontes - incluindo as entranhas de populações industriais e de caçadores-coletores.
“Descobrimos que o microbioma de Jerusalém e Riga tinha algumas características comuns”, disse Sabin. "Não conhecemos uma fonte moderna que abrigue o conteúdo microbiano que vemos aqui”.
O estudo mostra que as mudanças no microbioma humano levou a muitas condições modernas, incluindo doenças inflamatórias intestinais, alergias e obesidade.
Mas os investigadores dizem ser necessário aprofundar essa evolução.