A nova variante do coronavírus, detetada em Inglaterra, tem gerado preocupação na comunidade científica. Apesar de já ter sido reconhecida como mais contagiosa, ainda não existiam provas da sua letalidade.
Agora, um novo estudo - o primeiro realizado para pessoas infetadas com a estirpe B.1.1.7 - revela que esta nova variante não parece aumentar a gravidade da doença.
A consultora médica da Public Health England, responsável pela pesquisa, Susan Hopkins, disse, citada pelo The Financial Times, que “a nova variante não causa doença mais grave ou aumento da mortalidade, mas continuamos com as nossas investigações para entender isso melhor”.
Os investigadores compararam 1.769 pessoas infetadas com a nova variante com 1.769 que tinham aquilo que eles chamaram de vírus 'tipo selvagem'. Quarenta e duas pessoas do grupo foram internadas no hospital, das quais 16 tinham a nova variante e 26 o 'tipo selvagem'. Doze dos casos com a variante e dez do grupo de comparação morreram dentro de quatro semanas após o teste. Nem a hospitalização, nem as diferenças de mortalidade foram estatisticamente significativas.
Os cientistas também procuraram possíveis reinfeções para ver se as mutações B.1.1.7 tornavam mais provável que as pessoas fossem infetadas pelo vírus uma segunda vez. Os resultados foram tranquilizadores. Apenas duas reinfeções foram detetadas no grupo com a variante, pelo menos 90 dias após uma infeção inicial, contra três no grupo de comparação.
Ainda assim, os investigadores confirmaram que a B.1.1.7 é mais contagiosa do que o chamado 'tipo selvagem'. Numa análise separada de dados do NHS Test and Trace, o sistema de rastreio nacional, descobriram que 15 por cento das pessoas cujo contacto tinha a nova variante ficaram infetadas, em comparação com 10 por cento que estiveram em contato com alguém com o 'tipo selvagem'.
Um estudo diferente, realizado pela PHE e pela Universidade de Birmingham, confirmou que a B.1.1.7 leva a níveis mais elevados de coronavírus no trato respiratório superior.
A pesquisa, que foi publicada online, mas ainda não foi revista por pares, descobriu que 35 por cento dos pacientes infetados pela nova variante tinham níveis muito altos de coronavírus nas amostras de teste, em comparação com 10 por cento dos pacientes sem a variante.
É provável que esta carga viral mais elevada torne a B.1.1.7 mais transmissível a outras pessoas.