Desde que o novo coronavírus surgiu em Wuhan, na China, em dezembro de 2019, inúmeras equipas de cientistas têm estudado o tempo de incubação do SARS-CoV-2, por outras palavras por quanto tempo permanece no corpo —, conforme explica um artigo publicado no site da BBC News.
Uma dessas pesquisas, realizada por investigadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados unidos, e publicado no jornal científico Annals of Internal Medicine, estimou que o período médio de incubação para o SARS-CoV-2 corresponde a 5,1 dias.
Todavia, esse é o período médio, ou seja pode ser superior ou menor, dependendo do organismo dos indivíduos.
Grande parte dos infetados (97,5%) que desenvolvem sintomas veem a sua manifestação 11,5 dias após o momento em que foram expostos ao vírus através do nariz ou pela boca, menciona o estudo.
"A capacidade de infectar outras pessoas, de transmitir esse vírus a outras pessoas, dura de 7 a 10 dias mais a partir do aparecimento dos sintomas", conta à BBC o infectologista Vicente Soriano, professor da Universidade Internacional de La Rioja, em Espanha, e ex-conselheiro da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Soriano comenta ainda que, a partir dessa altura, quando os sintomas já passaram ou desapareceram, o risco de infectar outras pessoas também diminui.
Todavia, o infectologista sublinha que os testes de PCR utilizados para identificar o vírus podem continuar a dar positivo durante vários dias ou semanas após a infecção. Isto é, o vírus pode continuar presente no organismo do indivíduo.
"O PCR, que deteta fragmentos do genoma do vírus, pode permanecer positivo após uma, duas ou até três semanas após a cura da doença", diz Vicente Soriano.
"Mas aquele PCR positivo não reflete contagiosidade. O que o PCR deteta são fragmentos de vírus, ou 'sequências de lixo', que são fragmentos do genoma do vírus que estão no trato respiratório e que expulsamos por várias semanas depois que a doença foi curada", acrescenta.
Porém, o especialista salienta, que "a contagiosidade do coronavírus é basicamente de sete a 10 dias, um ou dois dias antes do início dos sintomas e enquanto os sintomas ocorrem".
O que significa que alguém infetado com o SARS-CoV-2 deixa de ser contagioso aproximadamente 10 dias após o começo dos sintomas.
No entanto, é necessário e imperativo tomar especiais cuidados antes da pessoa sair do isolamento, nomeadamente garantir que não tem mais nenhum sintoma e de que não tem febre há pelo menos 24 horas sem o uso de medicamentos que a controlam.
E os casos assintomáticos?
Os investigadores apuraram, explica a BBC News, que as pessoas sem sintomas e doentes com Covid-19 apresentam níveis elevados de vírus no organismo, aliás a mesma quantidade de vírus que pacientes com sintomas. Adicionalmente, ambos permanecem com essa carga viral pelo mesmo período de tempo.
Como tal, os especialistas alertam para a importância da utilização máscaras e da prática do distanciamento social. Duas medidas chave de prevenção que podem contribuir para diminuir a possibilidade de que alguém infetado com o novo coronavírus e sem sintomas infete outros indivíduos.
"Basicamente, pessoas sem sintomas podem transmitir o vírus a outras pessoas por uma semana, assim como aquelas com sintomas, mas a menos que a pessoa tenha um teste de antígeno (para detectar que tem a doença) ou um PCR, essa pessoa passa despercebida ", comenta Soriano.
"Daí o interesse em fazer rastreamentos para identificar pessoas que possam ter estado numa área de contágio e façam o teste de antígeno ou PCR a partir de 48 horas após o evento".
Assim, diz o infectologista, os assintomáticos e pré-sintomáticos podem ser identificados e mantidos em isolamento por 10 dias de modo a evitar a incidência de novas infecções.