Pais cujos filhos têm excesso de peso satisfeitos com silhueta dos filhos

Um estudo do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), que envolveu mais de 6.000 pais, concluiu que 74% dos que tinham filhos com excesso de peso estavam satisfeitos com a silhueta das crianças, foi hoje revelado.

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Lusa
20/01/2021 12:55 ‧ 20/01/2021 por Lusa

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Estudo

Em declarações à agência Lusa, a investigadora do ISPUP responsável pelo estudo, Sarah Warkentin, explicou que o objetivo do trabalho foi "avaliar a satisfação e perceção de mães e pais sobre a silhueta corporal dos seus filhos".

"Normalmente os estudos focam-se na silhueta corporal dos adolescentes e existem poucos estudos de avaliação a perceção e satisfação dos pais e mães sobre a silhueta em idade escolar", referiu.

O estudo, publicado na revista Eating and Weight Disorders -- Studies on Anorexia, Bulimia and Obesity', incluiu 4.930 mães e 1.840 pais de crianças que integram a coorte Geração XXI, um estudo longitudinal levado a cabo na cidade do Porto pelo ISPUP.   

Segundo Sarah Warkentin, foi pedido aos pais que, de um conjunto de silhuetas com tamanhos corporais diferentes, assinalassem a atual silhueta do filho e a que desejariam para a criança.

Dos mais de 6.000 pais, 35,7% tinham filhos com excesso de peso, ou seja, o equivalente a 1.759 crianças.

Uma das principais conclusões do estudo foi que "74% dos pais cujos filhos apresentavam excesso de peso afirmaram estar satisfeitos com a silhueta das crianças", adiantou a investigadora.

"O reconhecimento dos pais quanto ao excesso de peso dos seus filhos acontece tardiamente e, muitas das vezes, não agem quando a criança efetivamente já tem excesso de peso", disse.

Paralelamente, 36% das mães e 31% dos pais cujos filhos apresentavam um peso normal para a idade e género desejavam "uma silhueta maior para as suas crianças".

"Num primeiro momento, ao avaliarmos o efeito da insatisfação dos pais quanto à silhueta dos filhos, parece plausível assumir que a insatisfação é um fator de proteção quanto ao excesso de peso", referiu.

O estudo verificou também que as mães eram "quase três vezes mais insatisfeitas com a imagem corporal das filhas do que os pais".

"Vimos que existia uma diferença: tanto pais como mães preferiam que as filhas tivessem uma silhueta mais delgada e que os filhos [apresentassem] uma silhueta mais encorpada. Isso mostra a realidade da sociedade, em que o desejo de um corpo magro é idealizado para as meninas e um corpo mais forte para os rapazes", acrescentou.

De acordo com Sarah Warkentin, as conclusões do estudo salientam a necessidade de se planearem intervenções junto dos pais por forma a criar-se "um ambiente favorável para que a criança construa uma imagem corporal adequada e saudável de si própria".

"Estes resultados destacam a importância de intervenções eficazes principalmente junto dos pais das raparigas, mas também de mães com menor idade e escolaridades e pais insatisfeitos com o próprio peso", afirmou.

O próximo objetivo da equipa do ISPUP é perceber como é que os filhos, agora com 13 anos, se veem atualmente e qual a silhueta que desejavam.

"Queremos mapear os fatores associados e perceber, entre outras questões, se são as meninas mais insatisfeitas e até se a insatisfação dos pais se relaciona com uma eventual insatisfação dos filhos aos 13 anos", afirmou.

 

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