Vencer o cancro: A importância da terapia em grupo, médica explica
"O cancro pode ser uma experiência geradora de grandes desafios pessoais. As intervenções psicoterapêuticas individuais e de grupo, bem como os grupos de suporte não profissionais, podem ser um contexto de excelência para minimizar o sofrimento psicológico e para promover um crescimento pessoal como resultado desta vivência", explica Magda Oliveira, Psicóloga Clínica no Hospital CUF Porto, neste artigo de opinião partilhado com o Lifestyle ao Minuto.
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Lifestyle Cancro
Um diagnóstico de cancro pode ser uma experiência profundamente perturbadora e disruptiva para os doentes e para os seus familiares. O sofrimento emocional resultante deste diagnóstico, dos tratamentos oncológicos e dos efeitos colaterais biopsicossociais e existenciais relativos a este evento pode apresentar uma grande variabilidade de doente para doente, exigindo assim níveis de intervenção distintos.
O apoio emocional para doentes e familiares é assim fundamental ao longo de todo o processo de doença. Para além da intervenção profissional especializada é também importante a partilha de experiências entre doentes e familiares que viveram situações idênticas.
Qual o papel dos grupos terapêuticos neste processo de doença?
As guidelines recomendam que sempre que um doente ou familiar apresente níveis de sofrimento psicológico clinicamente significativos devem ser orientados para uma consulta especializada na área da Psicologia Oncológica, sendo que esta pode decorrer numa modalidade individual ou de grupo.
Embora a eficácia dos processos de intervenção individual seja reconhecida, a psicoterapia de grupo pode acrescer alguns benefícios a esta intervenção, desde que o doente apresente critérios clínicos para a inclusão num grupo terapêutico.
Magda Oliveira© DR
O contexto de um grupo terapêutico com mediação profissional pode oferecer aos participantes:
- Um espaço de partilha e suporte, que permite a partilha das vivências individuais e simultaneamente a descoberta de um sentimento de universalidade, de 'não sou só eu que vivo e sinto isto', 'alguém compreende verdadeiramente o que se passa comigo';
- Um aumento da rede de suporte - um suporte emocional e prático genuíno e ausente de julgamentos;
- Uma partilha mútua de estratégias saudáveis e eficazes na regulação emocional e resolução de problemas;
- Uma exploração e descoberta conjunta de novas estratégias de facilitação do lidar com os desafios da doença.
E os grupos de autoajuda?
Os grupos não terapêuticos, de suporte ou auto-ajuda (sem intervenção de um profissional) são também muito importantes para os doentes e seus familiares. Pode trazer alguns benefícios semelhantes aos grupos terapêuticos, mas para que tal aconteça é fundamental garantir algumas condições:
- Um contexto de confidencialidade, autenticidade e respeito pelo outro;
- A adequação dos participantes aos grupos, pela problemática, gravidade e critérios clínicos que favoreçam o equilíbrio do participante e a coesão do grupo;
- Garantir que a experiência dos elementos do grupo não são transportadas ou apresentadas como certas ou erradas para os outros participantes;
- Garantir que o grupo não é fonte de instabilidades e retrocessos por excessiva identificação com elementos em fases diferentes de lidar com a doença.
Um grupo terapêutico ou não terapêutico deve ser sempre um espaço de encontro entre iguais onde cada um se descobre a si mesmo. O resultado da participação num grupo deve ser um bem-estar geral crescente que emerge do confronto com a dor e do crescimento pessoal que daí resulta.
Cabe-nos a nós, profissionais de saúde, responder a estas e outras questões, e nesse sentido, no dia 4 de fevereiro - Dia Mundial Contra o Cancro - pelas 11h30, a CUF Oncologia organiza o webinar 'CUF Talks - Apoiar o doente oncológico e cuidadores: o papel das associações e grupos de apoio' onde este e outros temas relacionados com o suporte extra hospitalar vão ser debatidos por associações, doentes e profissionais de saúde. Saiba mais aqui.
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