Os resultados hoje publicados com base em testes feitos em mais de 17 mil pessoas indicam que "a vacina é mais eficaz com um intervalo mais longo entre a primeira e a segunda tomas", registando 85% de eficácia após três meses contra 55% num intervalo até seis semanas.
As conclusões da análise "sugerem que o intervalo entre doses pode ser alargado de forma segura para três meses, dada a proteção que uma dose única confere, o que poderá permitir que os países vacinem uma fatia maior da população mais depressa".
A apoiar essa ideia estão os resultados de eficácia da primeira dose nos três meses seguintes, que atinge "76% a partir do 22.º dia a seguir à inoculação".
Será essa uma maneira de contornar as limitações no fornecimento de vacinas, sugerem os responsáveis pelo estudo, cujo principal autor, Andrew Pollard, sugere que "vacinar mais pessoas com uma única dose pode conferir maior proteção imediata à população do que vacinar metade das pessoas com uma segunda dose".
"A longo prazo, uma segunda dose deverá garantir imunidade prolongada, por isso encorajamos toda a gente que tenha tomado uma dose a receber ambas", afirma o docente da Universidade de Oxford, no Reino Unido.
Os autores frisam que não chegaram a conclusões absolutas sobre quanto dura a imunidade conferida por uma dose única da vacina, uma vez que os testes não foram para além de três meses de intervalo.
Na análise, os autores do estudo incluíram dados provenientes de análises feitas a 17.178 pessoas no Reino Unido, Brasil e África do Sul.
Os participantes no estudo que tomaram as duas doses com um intervalo de 12 ou mais semanas tiveram mais proteção (81%) do que as pessoas que tomaram as duas doses com menos de seis semanas de intervalo (55%).
A resposta imunitária, com desenvolvimento de anticorpos, foi duas vezes mais forte no grupo que tomou as vacinas com um intervalo maior, acrescentam os autores do estudo.
Quanto à redução de transmissão de contágio pelo novo coronavírus, os autores estimam que a primeira dose poderá levar a uma redução de 64%, enquanto as duas doses poderão conseguir uma redução de 50%, embora não se tenham debruçado especificamente sobre esse efeito.
Registaram "uma redução no número total de casos positivos, o que pode indicar que as vacinas podem reduzir as infeções", mas "serão necessárias avaliações sobre como a vacina está a funcionar na população para confirmar este resultado preliminar".
Salientam que os intervalos diferentes entre tomas não foram propositadamente induzidos, mas que resultaram "da logística complexa de conduzir ensaios clínicos alargados durante uma pandemia".
"Estes resultados são análises exploratórias posteriores e podem sofrer de vários vieses", notam.
A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.441.926 mortos no mundo, resultantes de mais de 110,2 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 15.821 pessoas dos 794.769 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.