Em comunicado, os autores do estudo, da Universidade do Danúbio, em Krems (Áustria) e da Universidade de Medicina de Viena (MedUni) pedem medidas "urgentes" face aos resultados "alarmantes" das entrevistas a 3.052 jovens alunos de 14 anos.
Estes jovens pertencem ao grupo de menores que, devido à segunda vaga da pandemia de covid-19, tiveram que passar mais de três meses seguidos sem ir à escola -- desde o início de novembro até meados de fevereiro -- e estudaram de forma telemática a partir de casa.
Os investigadores constataram uma tendência ascendente "preocupante" nos problemas de saúde mental dos alunos.
"Tem havido um aumento nos sintomas de depressão e ansiedade, assim como nos distúrbios do sono. A tendência é ascendente. Os resultados são alarmantes, principalmente pelo facto de haver uma proporção tão alta de adolescentes com pensamentos suicidas", referiu Christopher Pieh no documento.
Por sua vez, Paul Plener, outro coautor do estudo e chefe do Departamento de Psiquiatria Infantil e Adolescente da MedUni, destacou a importância de os jovens terem os dias estruturados com uma rotina diária.
Nesse sentido, defendeu que a covid-19 e o confinamento jogaram contra eles.
Os investigadores alertaram para a necessidade de "ação urgente" para reduzir esses efeitos negativos da pandemia na mente dos jovens.
Os autores sublinharam que a reabertura das escolas com aulas presenciais é "um passo importante" para que os alunos possam retomar o convívio social e praticar mais exercício físico.
"Nem [as redes sociais] Instagram, Facebook ou TikTok podem substituir relacionamentos presenciais, seja num jogo de futebol ou dando uma volta e passar o tempo acompanhado", prosseguiu Pieh, observando como outro aspeto negativo a grande quantidade de tempo que os alunos passam com os telemóveis.
De acordo com o estudo, os jovens tendem a divertir-se com esses equipamentos durante cinco ou mais horas por dia, o dobro dos registados em 2018.
O estudo, apoiado pelo Ministério da Educação, Ciência e Investigação austríaco, revela também que 50% dos jovens sofrem de ansiedade e 25% de insónias, ambos os dados acima dos que foram recolhidos em estudos realizados antes da pandemia.
A Áustria registou até agora 460.849 casos positivos de covid-19 e 8.574 mortes provocadas pelo vírus.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.539.505 mortos no mundo, resultantes de mais de 114,3 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.389 pessoas dos 805.647 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
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