Incontinência urinária após tratamento do cancro da próstata
"A incontinência urinária após o tratamento cirúrgico do cancro da próstata, constitui uma possível sequela do tratamento, que, embora menos frequente, continua a persistir numa pequena percentagem de doentes (6% a 8%)", explica o médico João Almeida Dores, urologista no Hospital CUF Descobertas, neste artigo de opinião partilhado com o Lifestyle ao Minuto.
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Lifestyle Dia Mundial da Incontinência Urinária
O desenvolvimento da técnica cirúrgica, na Prostatectomia Radical (excisão total da próstata), com recurso a cirurgia minimamente invasiva, nomeadamente, a laparoscopia e/ou robótica, tem permitido uma melhoria nos resultados da continência urinária, ainda assim, sem total eficácia. Assim, a incontinência urinária de esforço constitui o tipo de incontinência que mais frequentemente se desenvolve após a cirurgia.
Caracteriza-se pela perda involuntária de urina com os esforços, como tossir, espirrar, correr, ou qualquer movimento que esteja associado a um aumento da pressão intra-abdominal. Trata-se de um problema com um impacto muito negativo na vida dos doentes, não só do ponto de vista social, mas também, muito incapacitante, não podendo ser negligenciada.
São necessários alguns meses, após a cirurgia, para que o mecanismo de continência recupere na totalidade, no entanto, se o problema persistir ao fim de 1 ano, deve discutir com o seu Urologista, os tratamentos disponíveis.
João Almeida Dores© DR
Atualmente, existem muitas soluções para atenuar ou resolver na totalidade a incontinência urinária após a cirurgia radical da próstata, que passa, não só pela medicação e fisioterapia do pavimento pélvico, mas também pelo tratamento cirúrgico. Em casos de incontinência ligeira a moderada, existem os slings uretrais masculinos, ou seja, dispositivos sintéticos que são implantados próximo da uretra, criando pressão sobre ela e impedindo a perda involuntária de urina. Trata-se de um procedimento minimamente invasivo, e que é realizado através de uma pequena incisão no períneo (zona entre o escroto e o anûs). Em casos de incontinência moderada ou grave, existem os esfíncteres urinários artificiais, que são dispositivos que conseguem substituir o esfíncter urinário externo(responsável pelo controlo voluntário da continência urinária) e que podem ser controlados pelo doente. São constituídos por 3 componentes: uma fita (cuff) que se coloca em torno da uretra e que se encontra sempre preenchida por soro, pressionando a uretra e prevenindo a perda de urina. Uma válvula implantada no escroto (controlada pelo doente) e que permite a desactivação do cuff, descomprimindo a uretra e permitindo urinar livremente e um balão implantado no abdómen, imediatamente abaixo dos músculos abdominais e que constitui o reservatório do fluído necessário para o funcionamento do esfíncter artificial.
Antes de decidir que tipo de tratamento adoptar é importante caracterizar a incontinência, podendo ser necessário a realização de dois exames, a uretrocistoscopia (que consiste em observar a uretra e bexiga através de uma câmara flexível), bem como um estudo urodinâmico, para avaliação funcional da bexiga.
Sempre que os episódios de incontinência urinária se prolonguem no tempo e afetem a qualidade de vida deve procurar o seu médico. Atente, ainda, que a incontinência urinária pode ser um sintoma de outros problemas sérios de saúde. Seja para uma consulta médica, seja para a realização dos exames ou para o tratamento, é fundamental não adiar a procurar de cuidados médicos por receio do contágio por Covid-19. Importa saber que as unidades de saúde têm protocolos e circuitos bem estabelecidos para garantir a segurança do doente e dos profissionais de saúde. Atrasar o seguimento médico e o tratamento é sinónimo de deterioração da qualidade de vida, sem necessidade e com prejuízo para a sua saúde.
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