Os anticorpos desenvolvidos pelas vacinas norte-americanas - Pfizer e Moderna - são eficazes na prevenção do SARS-CoV-2 original, porém, de acordo com um novo estudo publicado na passada sexta-feira na revista Cell e liderado pelo Instituto Ragon do Hospital Geral de Massachusetts, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), e pela Universidade Harvard, o mesmo não se pode dizer acerca das novas variantes.
Segundo um artigo da Galileu, que cita o estudo, foram avaliadas amostras de sangue de 99 indivíduos que receberam uma ou duas doses das vacinas BNT162b2 (Pfizer/BioNTech) ou mRNA-1273 (Moderna), a fim de extrair o soro que contém anticorpos produzidos em resposta às injeções. Foram também utilizadas dez versões sintéticas do vírus que representavam as várias variantes - cinco delas com mutações no domínio de ligação ao recetor da proteína spike – usada pelo novo coronavírus para infetar as células –, observadas na variante sul-africana B.1.351: K417N, E484K e N501Y.
Quando os cientistas colocaram o soro dos participantes em contato com os vírus perceberam que a eficácia dos dois imunizantes foi significativamente reduzida. Segundo os investigadores, as três novas mutações descritas pela primeira vez na África do Sul eram entre 20 e 40 vezes mais resistentes à neutralização e as duas mutações do Brasil e Japão eram de cinco a sete vezes mais resistentes, em comparação com a versão original.
O estudo mostra, assim, que as mutações no recetor da proteína spike (verificadas nas mutações sul-africanas) são mais propensas a ajudar o novo coronavírus a 'escapar' dos anticorpos induzidos pelas vacinas. Isto não significa que as vacinas da Pfizer/BioNTech e Moderna não sejam eficazes contra a Covid-19. "[As nossas descobertas] apenas mostram que, dependendo da parte do vírus que a vacina vai atacar, os anticorpos podem ter dificuldades em reconhecer algumas dessas novas variantes", observa Alejandro B. Balazs, um dos investigadores.
Dito isto, é importante recordar que quatro dias antes da publicação deste estudo, uma outra pesquisa liderada por cientistas da Universidade do Texas, também nos Estados Unidos, e pela equipa da Pfizer/BioNTech concluía o contrário: em testes de laboratório, a vacina conseguiu neutralizar as variantes britânica (B.1.1.7), a brasileira (P.1) e a sul-africana (B.1.351) do novo coronavírus.
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