Em alguns pacientes com sintomas leves, o vírus SARS-CoV-2, responsável pela Covid-19, pode permanecer ativo no organismo por mais de 30 dias, um período superior ao isolamento recomendado. Estes são os resultados de estudos conduzidos no Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (IMT-USP).
A equipa liderada pela professora Maria Cassia Mendes-Correa descreve o caso de duas mulheres, de aproximadamente 50 anos, num artigo (ainda não revisto por pares) divulgado na plataforma medRxiv, e citado pela Galileu.
Segundo a publicação brasileira, uma delas relatou, em meados de abril de 2020, que estava há 20 dias com sintomas de tosse seca, dores de cabeça, fraqueza, dores no corpo e nas articulações. Um teste de RT-PCR feito 22 dias após o início do quadro confirmou a presença do vírus no organismo e, nos dias seguintes, a paciente apresentou náuseas, vómitos, perda de olfato e paladar. A acrescentar, um segundo teste molecular feito 37 dias após o início dos sintomas também teve resultado positivo. A maioria das queixas desapareceu em meados de maio. No segundo caso estudado, a paciente apresentou sintomas em meados de maio. O primeiro teste de RT-PCR foi feito cinco dias após o início dos sintomas e deu positivo. Um segundo teste foi feito no 24º dia e, novamente, a presença do RNA viral foi confirmada. Ao todo, a paciente permaneceu sintomática durante 35 dias.
Face a estes casos, a equipa de investigadores acompanhou, durante seis semanas, outros 50 participantes. “As análises indicam que o RNA viral permanece detetável por mais tempo na saliva e na secreção nasofaríngea. Em 18% dos voluntários, o teste de RT-PCR nesse tipo de amostra permaneceu positivo até 50 dias. Entre estes, 6% mantiveram-se transmissores durante 14 dias”, explica a professora.
Assim, a investigadora argumenta que, para casos leves, podem ser necessários mais dias de isolamento para evitar novas contaminações.
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