Investigadores dos Estados Unidos analisaram a relação entre a taxa de soroconversão - ou seja, a produção de anticorpos em resposta a uma infeção - e os vários tipos de cancro, reporta um artigo publicado na revista Galileu.
A nova pesquisa realizada por cientistas do Montefiore Health System e do Albert Einstein College of Medicine examinou 261 pacientes acompanhados entre 1 março a 15 de setembro de 2020. Sendo que 77% foram diagnosticados com malignidades sólidas, enquanto 23% detinham malignidades hematológicas.
Surpreendentemente, o estudo revelou que, mesmo muitos sendo imunocomprometidos, 92% dos doentes tiveram teste positivo de anticorpos IgG.
De acordo com o investigador Ashta Thakkar: "as nossas descobertas asseguram que a maioria das pessoas com cancro tem capacidade de produzir uma quantidade de anticorpos em resposta ao coronavírus semelhante à da população como um todo".
"Pacientes com histórico de cancro provavelmente estão tão protegidos de uma reinfecção quanto aqueles que não possuem esse mesmo histórico e devem responder bem às vacinas", acrescentou.
Embora se tenha constatado que o índice de soroconversão geral era de 92%, os investigadores identificaram diferenças entre pacientes com malignidades sólidas e hematológicas. No primeiro caso, foi observado um valor de 94,5%; já no segundo, esse valor desceu para 81,7%.
"Sabe-se que tratamentos geralmente dados para pacientes com cancro de sangue — como terapia de anticorpo anti-CD20, transplantes de células-tronco e esteroides — suprimem o sistema imunológico, o que pode explicar a taxa mais baixa de anticorpos desenvolvidos", afirmou o investigador Balazs Halmos.
Segundo a revista Galileu, enquanto somente 59% dos pacientes que receberam a terapia de anticorpo anti-CD20 e 60% dos que realizaram transplantes de células-tronco produziram anticorpos contra o SARS-CoV-2, 100% das pessoas que foram submetidas à imunoterapia apresentaram proteção contra o novo coronavírus.
"O estudo também suscita a necessidade de pesquisas adicionais sobre vacinas contra a Covid-19 e os tratamentos para pessoas com cancro de sangue", disseram os autores da pesquisa.
O novo estudo foi divulgado na publicação científica Nature Cancer.