Estudo revela que 63% dos idosos têm anticorpos seis meses após vacinação
Um estudo hoje divulgado revela que 63% dos idosos com mais de 70 anos têm anticorpos contra o coronavírus que causa a covid-19 seis meses após a vacinação.
© Lusa
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O estudo, conduzido pelo Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), envolveu 260 idosos de cinco lares, além de 160 funcionários, em que a quase totalidade (98,1%) continuava, ao fim do mesmo tempo, com anticorpos contra o SARS-CoV-2.
Em declarações à Lusa, o coordenador do estudo, o imunologista Carlos Penha-Gonçalves, precisou que estes dados reportam-se ao período decorrido após a primeira toma da vacina, assinalando que, nos idosos, "a robustez da resposta" à vacinação "é similar" à dos funcionários, com uma idade média de 45 anos, "poucas semanas após a vacinação".
"Depois, começa a registar-se decaimento de anticorpos", afirmou. Uma situação previsível.
Em comunicado, o IGC refere que os dados "confirmam que, à semelhança do que acontece com outras vacinas, a diminuição dos anticorpos gerados pela vacinação" contra a covid-19, uma doença respiratória, "é mais rápida na população mais idosa".
O IGC realça que "a tendência de decrescimento de anticorpos começou a ser notada três meses após a segunda dose em cerca de 15% dos participantes" com mais de 70 anos.
Tanto idosos como funcionários dos cinco lares - três do concelho de Almeirim e dois das Forças Armadas - tomaram a vacina da Pfizer/BioNTech, administrada em duas doses intervaladas.
Para o investigador do IGC Carlos Penha-Gonçalves, citado no comunicado, "o decréscimo dos níveis de anticorpos vacinais com o tempo é natural e expectável e não significa ausência de proteção contra a infeção".
De acordo com o IGC, "espera-se que as pessoas que tiveram resposta por anticorpos logo a seguir à vacinação tenham desenvolvido memória imunológica que lhes permitirá combater a infeção em subsequentes contactos com o vírus: esse é o princípio da vacinação".
Contudo, "enquanto houver circulação do vírus na população, como é atualmente o caso, é indispensável que se mantenham os cuidados de proteção individual", como o uso de máscara, o distanciamento físico ou a higienização das mãos, "mesmo após o processo de vacinação e ao longo do tempo".
Carlos Penha-Gonçalves explicou à Lusa que "a continuação das medidas individuais de proteção contribuirá para a redução da transmissão da doença", uma vez que "as pessoas vacinadas podem hospedar o vírus sem demonstrar doença". Tanto mais que a variante Delta do SARS-CoV-2, dominante em Portugal, "tem uma capacidade de transmissibilidade mais alta".
Por isso, as medidas sanitárias devem "ser mantidas" até o índice de transmissibilidade do novo coronavírus "cair para valores muito baixos por efeito conjugado da vacinação e das medidas protetoras", sustentou.
O estudo hoje divulgado avaliou a persistência de anticorpos induzidos pela vacinação contra a covid-19 e seguiu-se a um outro que mediu a efetividade da vacina na produção de anticorpos também em residentes e funcionários de lares de idosos.
Nos idosos, a produção de anticorpos é mais lenta e a sua queda é mais rápida do que nos mais jovens.
Segundo o Instituto Gulbenkian de Ciência, será "importante continuar a acompanhar a evolução da queda dos anticorpos ao longo do tempo", em particular nos idosos, população mais vulnerável à covid-19 devido, pela idade, à debilidade do seu sistema imunitário.
"A condução de rastreios é um instrumento imprescindível para garantir o acompanhamento da evolução da resposta vacinal e obter dados para apoiar as decisões sobre a possível revacinação e vacinas a utilizar", sublinha o IGC, que tem realizado estudos sobre a efetividade de diferentes vacinas contra a covid-19 em diversas idades e grupos profissionais.
À Lusa, Carlos Penha-Gonçalves disse que "o acompanhamento das pessoas com baixos níveis de anticorpos poderá trazer informação sobre a necessidade de reforço vacinal", acrescentando que os estudos que o IGC está a fazer sobre a efetividade das vacinas contra a covid-19 "vão prolongar-se até ao fim deste ano".
Ainda de acordo com o investigador, "o acompanhamento de pessoas vacinadas que ficam infetadas poderá oferecer dados que permitam identificar estratos ou grupos da população que beneficiariam" com o reforço da vacinação.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 17.584 pessoas e foram registados 1.006.588 casos de infeção, segundo o mais recente boletim da Direção-Geral da Saúde.
A covid-19 é uma doença respiratória provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, tipo de vírus detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e que se disseminou rapidamente pelo mundo.
Existem quatro variantes do SARS-CoV-2 consideradas preocupantes pela Organização Mundial da Saúde, sendo a Delta a mais contagiosa.
Os especialistas têm advertido que as vacinas em circulação contra a covid-19, não sendo 100% eficazes, como qualquer vacina, previnem a doença grave e a morte, mas não evitam a infeção e a transmissão do vírus.
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