Porquê falar de saúde mental e AVC? Médica responde

Filipa Dourado Sotero, médica neurologista e membro da SPAVC, partilhou o artigo de opinião que se segue acerca da associação entre depressão e acidente vascular cerebral (AVC).

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11/10/2021 19:00 ‧ 11/10/2021 por Notícias ao Minuto

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Opinião

"O AVC pode limitar de modo significativo o desempenho funcional do indivíduo, seja na realização de tarefas comuns do dia-a-dia como caminhar ou mexer o café da manhã, mas também pode ter impacto nas relações pessoais, familiares e sociais.  

A associação entre alterações neuropsiquiátricas e AVC tem sido amplamente estudada e sabe-se que estas contribuem para o impacto negativo multidimensional do AVC. De entre as várias alterações conhecidas, a depressão é uma das mais frequentes.

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Estima-se que até um terço dos doentes desenvolva sintomas depressivos durantes os primeiros 5 anos após sofrer um AVC. Foi demonstrado que entre um grupo de doentes com igual limitação funcional (ex. incapacidade para caminhar), a depressão parece ser mais frequente nos que sofreram um AVC do que naqueles que apresentam limitação funcional por outro motivo. 

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Dra. Filipa Dourado Sotero© DR

Então, porque surge a depressão após AVC? O impacto psicológico gerado pelas limitações impostas pelo AVC pode ser suficiente para originar sintomas depressivos. Contudo, a própria lesão cerebral provocada pelo AVC pode contribuir para o desenvolvimento destes sintomas neste grupo de doentes.

Vários fatores contribuem para a depressão após AVC. O cenário clínico, isto é, a gravidade do AVC e as limitações sofridas pelo doente são os fatores de risco mais facilmente identificados. Contudo, é importante lembrar que outros fatores como a idade, sexo, história médica e psiquiátrica prévia e o suporte social de cada doente desempenham um papel igualmente relevante. O conhecimento dos fatores de risco é importante, porque muitos deles podem ser facilmente reconhecidos e identificados, quando procurados, e uma parte deles são passíveis de algum tipo de intervenção (ex: melhorar o apoio social prestado a estes doentes).

Porque é importante falar de depressão após AVC? A depressão após AVC é um preditor de pior prognóstico e associa-se a menor sucesso na reabilitação, maior grau de incapacidade para as atividades de vida diária, alterações do sono, alterações cognitivas, isolamento social e mesmo a um aumento da mortalidade. 

Assim, conhecer a natureza da depressão após AVC e os seus fatores de risco torna-se essencial para aprimorar o seu diagnóstico e tratamento. Promover esta consciencialização contribuirá para nos aproximarmos do nosso objetivo – o melhor cuidado para o doente com AVC!"

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