Os hábitos alimentares e de atividade física dos portugueses alteraram-se ao longo dos primeiros 12 meses de pandemia da Covid-19 e a maioria considera que mudaram para melhor. Esta é a principal conclusão de um estudo desenvolvido pela Direção-Geral da Saúde (DGS), em parceria com o Instituto de Saúde Ambiental da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, divulgado hoje.
De acordo com o estudo, 36,8% das pessoas inquiridas reportaram ter mudado os seus hábitos alimentares, comparativamente ao período pré-pandemia. Destas, 58,2% têm a perceção de que mudaram para melhor e 41,8% para pior. Passaram a recorrer a refeições take-away (32,2%) e a consumir mais snacks doces (26,3%), mas também a ingerir mais água (22,3%), hortícolas (18,6%) e fruta (15,2%).
Na apresentação das conclusões, a autoridade de saúde sublinha que "as alterações positivas nos hábitos alimentares parecem relacionar-se essencialmente com a possibilidade de se realizarem mais refeições em casa ou com o número de refeições cozinhadas (33,4% e 19,4%, respetivamente)". Quanto às mudanças menos positivas, estas "podem relacionar-se com variações no apetite motivadas por razões emocionais (24,9%)".
O estudo agora divulgado, no âmbito do dia da alimentação, foi realizado em dois momentos: nos meses de abril e maio de 2020 e em período homólogo de 2021.
Comparativamente ao primeiro período de recolha de dados, destaca a DGS, "os fatores emocionais ganham destaque". Já os fatores associados às preocupações com a situação económica parecem perder influência nos comportamentos alimentares. Associado à relevância dos fatores emocionais verificam-se níveis elevados de 'fome pelo prazer de comer'. Foram, assim, identificados "padrões distintos" de consumo alimentar. O menos saudável foi mais prevalente nos portugueses que apresentam um nível elevado de 'fome pelo prazer de comer', bem como nas pessoas com mais dificuldades económicas e em risco de insegurança alimentar, destaca a DGS.
Atividade física vs sendentarismo
Paralelamente, os resultados deste inquérito confirmam a tendência de melhoria dos níveis de atividade física da população. Dos inquiridos, 54,3% apresentam níveis adequados de atividade física para a promoção da saúde (46% em 2020; 48.1% em 2017).
Não obstante, aumentou também o tempo sedentário, sendo este de 7 ou mais horas por dia para 46,4% dos inquiridos (38.9% em 2020). Entre as atividades mais praticadas, destacam-se a caminhada, seguida pelas atividades de fitness, treino de força e corrida (estas últimas duas significativamente mais adotadas pelos homens).
Quanto às atividades do dia a dia, as tarefas domésticas continuam a prevalecer nas mulheres (84.7% vs. 46.3% nos homens) e o subir e descer escadas como forma de se manter ativo é reportado por cerca de 62% dos inquiridos.
A segunda fase da análise (maio e junho de 2021) confirmou o impacto do contexto pandémico nos hábitos alimentares e de atividade física dos portugueses, sugerindo que as alterações observadas nos primeiros meses da pandemia se mantiveram, conclui-se.
A análise contou com uma amostra de 4.930 indivíduos, com 18 ou mais anos.
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