Cerca de 176 milhões de mulheres em todo o mundo sofrem de endometriose. Segundo Catarina Marques, médica ginecologista da Clínica IVI Lisboa, a doença consiste na presença do tecido que reveste o útero por dentro (endométrio) fora da sua localização habitual.
Os focos de endometriose encontram-se mais frequentemente nos ovários, nas trompas, nos ligamentos que sustentam o útero e no revestimento da cavidade pélvica ou abdominal. Os principais sintomas são a dor menstrual (dismenorreia), dor na relação sexual (dispareunia),dor ao evacuar (disquezia) e dor ao urinar (disúria). No entanto, há outras dores associadas como a abdominal ou torácica e cada doente apresenta sintomas e níveis muito distintos de dor. "A endometriose tem um impacto muito significativo na vida das mulheres. Ao causar dores intensas, por vezes incapacitantes, diminui a qualidade de vida, interfere com a vida sexual e pode causar infertilidade", explica.
O diagnóstico chega demorar 11 anos. "Uma década é muito tempo. Esta doença pode ser silenciosa, o que atrasa o diagnóstico, mas também pode causar muita dor. Esta dor não pode ser desvalorizada."
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Embora não haja cura para a endometriose, existem tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida da mulher, prevenir a eventual progressão da doença, preservar a sua fertilidade e/ou ajudar na concretização do projeto reprodutivo. A fertilização in vitro é um tratamento apropriado para a infertilidade associada à endometriose (cerca de 35% das mulheres inférteis têm endometriose) quando outras técnicas mais básicas fracassam.
A gestação, em muitos casos, proporciona a melhoria da clínica da endometriose, embora temporária. Regra geral, a cirurgia está indicada para os casos de endometriose mais graves e consiste na recessão das lesões endometriais nas suas diferentes localizações e restabelecimento da anatomia pélvica.
Mas há mais. Por isso, e para que nada fique por explique, Catarina Marques responde a três perguntas frequentes.
1- Esta doença causa sempre dor?
Há casos em que pode ser assintomática, o que pode atrasar ainda mais o diagnóstico. No entanto, também pode causar dores intensas.Nestes casos, deve ser procurada ajuda médica para despistar esta ou outras doenças. Quando não tratada, a endometriose pode evoluir, dificultando a gravidez. Cerca de 35% das mulheres inférteis podem ter endometriose. E das mulheres com endometriose, 40% podem sofrer de infertilidade. Daí a importância do diagnóstico precoce.
2- A endometriose é hereditária ou pode causar cancro?
Não está comprovado, mas existem estudos que apontam para a existência de uma maior probabilidade de a mulher ter endometriose quando há casos na família. A doença é benigna e é muito raro tornar-se numa condição maligna.
3- Há cura para a endometriose?
Não há cura para a endometriose, mas existem tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida da mulher, prevenir a eventual progressão da doença, preservar a sua fertilidade e/ou ajudar na concretização do projeto reprodutivo. A cirurgia só está indicada para os casos mais graves. Durante a gravidez há um alívio dos sintomas, mas, na maioria dos casos, estes voltam após o parto.
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