Como mudaram os hábitos alimentares dos portugueses na pandemia
Conheça as conclusões de um estudo internacional.
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Lifestyle Covid-19
Um estudo internacional aponta diferenças no comportamento do consumo alimentar no primeiro período de confinamento devido à pandemia de covid-19. "Houve um aumento no consumo de alimentos doces, como bolos e bolachas, principalmente em países desenvolvidos e sobretudo no grupo de pessoas em que as motivações ligadas à busca de prazer e conforto, nos alimentos, é maior", refere.
Por outro lado, mostra um aumento do consumo de hortícolas, frutas frescas e lacticínios no grupo de pessoas com maior escolaridade e mais motivadas pela saúde, pode ler-se no estudo, que teve como base 3332 respostas recolhidos em 16 países (72,8% na Europa, 12,8% na África, 2,2% na América do Norte e 12,2% na América do Sul).
Os resultados sugerem que as principais motivações percebidas para impulsionar a ingestão alimentar foram a familiaridade e o gosto, identificando-se dois 'clusters' diferentes, com base na frequência de consumo alimentar, os quais foram classificados como 'mais saudável' e 'não saudável'.
A investigadora do Instituto Mediterrâneo para Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento Elsa Lamy, que liderou este estudo, sublinha que, também a este respeito, "a formação é essencial na promoção de uma alimentação saudável". "A escolaridade, para além de contribuir para esta formação contribui também para maior segurança económica e menos ansiedade e isso reflete-se em menor necessidade de alimentos 'de conforto', como são os alimentos altamente palatáveis", explica.
"Igualmente importante de distinguir o que são efeitos mais ou menos generalizados, e grandemente condicionados pelas limitações no acesso e na saída de casa, como são os casos de um aumento da confeção de alimentos em casa e o menor consumo de alimentos pré-preparados, apresentando resultados diferentes entre os tipos de grupos", acrescenta.
Um dos aspetos deste estudo que maior interesse suscitou à investigadora foi verificar a existência de dois grupos de participantes: "um em que as mudanças foram no sentido de uma alimentação mais saudável e outro cuja mudança induzida pela situação de confinamento resultou numa pioria dos hábitos alimentares". Elsa Lamy verificou "que são os indivíduos com taxa de escolaridade mais elevada e cujo comportamento alimentar é motivado por fatores relacionados com a saúde e ambiente que conseguiram esta mudança positiva", enquanto que, pelo contrário, menor taxa de escolaridade ficou associado a "alterações no sentido de uma alimentação menos saudável em indivíduos cujas escolhas são principalmente motivadas pelo prazer, e regulação afetiva".
Porém, é importante verificar que as alterações alimentares nestas circunstâncias "não devem ser generalizadas a toda a população observando-se variações em sentido diferente, consoante os fatores que motivam o consumo. Pensa-se que este conhecimento possa ajudar a definir estratégias mais eficazes, na medida em que as mesmas possam ser ajustadas em função das características de cada indivíduo", sugerindo que o mesmo possa ajudar em situações futuras, "e seja adotado para a promoção de uma alimentação saudável e sustentável".
Com este estudo, foi possível constatar que se as pessoas têm condições vão cozinhar mais em casa, aumentam o consumo de hortícolas e até consomem mais alimentos em comércio de proximidade "e esse facto é de extrema importância no contexto atual, em que há uma grande pressão para a promoção de hábitos alimentares mais saudáveis e sustentáveis". Lamy considera ainda que o estudo "tem a grande mais-valia de ter permitido recolher dados em 16 países e dar uma imagem mais global daquilo que são alterações nos hábitos alimentares provocados por uma situação extrema como a vivida em março-maio de 2020".
Este estudo contou com a participação de Maria Raquel Lucas, da Escola de Ciências Sociais e Fernando Capela e Silva e Sofia Tavares, da Escola de Ciências da Saúde e Desenvolvimento Humano, da Universidade de Évora (UÉ),
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