Covid-19. Estudo conclui que vacinação deve focar-se nos vulneráveis

Um estudo realizado no Quénia conclui que a vacinação contra a covid-19 terá uma melhor relação custo-benefício se se focar nas pessoas vulneráveis e não em abranger toda a população.

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Lusa
28/04/2022 19:29 ‧ 28/04/2022 por Lusa

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Estudo

"Estes novos dados sugerem que podemos combater a covid-19 mais eficazmente se reorientarmos os nossos esforços para aqueles que mais precisam", disse Edwine Barasa, diretor do Programa Nairobi, do Instituto de Investigação Médica do Quénia (KEMRI na sigla em inglês), onde o estudo foi realizado.

"As vacinas funcionam e garantir que os idosos e outros grupos de risco as recebem depressa é a melhor forma de obter maiores ganhos em saúde e tem melhor relação qualidade-preço. Esperamos que esta informação ajude os decisores em todo o continente a determinar como estruturar respostas à covid-19 com impacto, com custo-benefício e de longo prazo", acrescentou, citado num comunicado da instituição.

Os cientistas estudaram vários cenários de alargamento da vacinação contra o novo coronavírus e testaram o custo-benefício de cada um deles.

O objetivo era perceber o que aconteceria se a taxa de vacinação no país, que está atualmente em cerca de 15% da população, alcançasse 30%, 50% ou 70% dos quenianos, tanto num cenário lento (18 meses) como rápido (seis meses).

Todos os cenários foram comparados com uma perspetiva de vacinação zero e em todos os casos o modelo previa vacinar os adultos com mais de 50 anos antes de alargar a toda a população.

Tanto no cenário lento como no rápido, alcançar 30% da população com prioridade aos adultos com mais de 50 anos permitiria evitar um número substancial de novos casos - 32 em cada 100.000 no cenário lento e 39 em 100.000 no cenário rápido.

Permitiria também reduzir o número de mortos em 8.100 (54%) ou 9.400 vidas, respetivamente.

Alcançar uma taxa de 50% e subsequentemente de 70% evitaria mais 1.100 mortes no cenário lento e 400 no cenário rápido, mas os cientistas concluíram que não teria um bom custo-benefício.

"Com a exposição prévia a proteger parcialmente grande parte da população queniana, a vacinação dos jovens adultos pode já não tem um bom custo-benefício", dizem os autores do estudo, realizado pelo Instituto de Investigação Médica do Quénia (KEMRI na sigla em inglês).

"O panorama mudou na covid-19", disse Justice Novignon, que lidera a unidade de Economia da Saúde dos Centros de Controlo de Doenças da União Africana (África CDC), citado no comunicado.

"Os países devem reorientar os seus programas de vacinação para a covid-19 em estratégias que salvem mais vidas por menos dinheiro, especialmente em ambientes com baixo risco de doença grave e morte e uma elevada imunidade natural e com recursos limitados, como é o caso do Quénia e, de África mais amplamente, alcançando os mais velhos e quem tem comorbilidades que aumentam o risco, em vez de abranger toda a população. Temos de fazer valer cada dólar", acrescentou.

Joachim Osur, vice-reitor da Universidade Internacional de Amref, em Nairobi, e especialista em saúde pública, defendeu por seu lado que o Quénia deve integrar a covid-19 no seu sistema regular de saúde, para que possa adequar o programa de vacinação contra a doença enquanto recupera o combate a outras doenças, como a sida, a tuberculose ou a malária.

Apenas 15% da população africana recebeu já as duas doses da vacina contra a covid-19 e a vacinação tem vindo a abrandar devido a uma baixa procura e a falhas nos sistemas de distribuição.

No Quénia, a campanha de vacinação começou em março de 2021, um ano após o primeiro caso registado e mais de 17 milhões de doses foram administradas desde então, cobrindo 15% da população total.

Atualmente o país tem como meta vacinar 100% dos adultos até ao fim do ano, diz o comunicado.

Leia Também: Autoteste à Covid-19 fora do prazo. Afinal, pode ou não usar?

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